Vieira arguido em tribunal para explicar “capangas”
A PGR confirmou a O JOGO que o presidente encarnado, ouvido ontem no DIAP, responde pela “eventual prática de um crime de difamação” relacionado com o Aves-Benfica
Em causa estão as palavras do líder encarnado à BTV, onde diz ter vivido um clima de ameaça nas Aves. Vítor Catão, um dos visados nessas declarações, diz ter recusado um pedido de desculpas em privado
O presidente do Benfica, Luís Filipe Vieira, esteve ontem no Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP), em Lisboa, para prestar declarações na qualidade de arguido, situação confirmada aO JOGO pela Procuradoria-Geral da República( PGR ). “[Luís Filipe Vieira] foi ouvido como arguido no DIAP de Lisboa no âmbito de um inquérito em que se investiga a eventual prática de um crime de difamação”, assegurou a PGR. Em causa está uma entrevista de Vieira à BTV, em novembro passado, nas quais apelidava de “capangas” quatro elementos que alegadamente o ameaçaram assim como a outros elementos encarnados no estádio do Aves, quando o Benfica ali disputou a 9.ª jornada. Um dos visados, Vítor Catão, agora ex-diretor desportivo do Canelas, apresentou queixa e será ouvido, hoje, em Rio Tinto, no âmbito desta ação. Já Vieira esteve na 15.ª secção do DIAP menos de uma hora.
“Nas Aves tivemos quatro capangas identificados com os SuperDragões a ameaçar o Paulo [Gonçalves], a dizer que nos partiam todos. Aquilo no final [atos de violência] não foi nenhum adepto do Benfica, foi aquela tropa toda”, acusou Vieira, a 9 de novembro na BTV. Dias depois, foi publicada uma foto da tribuna com quatro pessoas, uma delas Vítor Catão, sendo estas apontadas como os alvos das declarações de Vieira. Contactado por O JOGO, Catão insiste em desculpas públicas do líder encarnado. “Chamar capanga é chamar assassino, não posso aceitar isso. Espero é que Luís Filipe Vieira me apresente desculpa pela comunicação social. Se o fizer, retiro a queixa. Fui contactado por Paulo Gonçalves [assessor jurídico da SAD], que me disse que o presidente do Benfica me pediria desculpa mas apenas sozinho e não pela comunicação social”, disse. E avisou que outra ação está a caminho: “Nunca fui sócio dos SuperDragões e nunca fiz parte do processo Apito Dourado e, por isso, essa será mais uma queixa que vou fazer.” Recorde-se ainda que em novembro de 2017 uma queixa apresentada no Conselho de Disciplina da FPF sobre este tema acabou arquivada.
“Chamar capanga é chamar assassino. Se pedir desculpa, retiro a queixa”
Vítor Catão
Ex-diretor desportivo do Canelas