DEZ MINUTOS RESOLVERAM A ELIMINATÓRIA
Surpreendidos por Tomasov, leões deram a volta ao jogo no arranque da segunda parte, com um período de luxo: depois, Jesus geriu e pensou no Tondela
Demasiada passividade dos jogadores leoninos no primeiro tempo deixou-os à mercê das bolas colocadas nas suas costas. Combinações no corredor, com Gelson, Bruno Fernandes e Acuña impulsionaram
Uma entrada arrasadora na segunda parte no mal-amado sintético de Astana, com dez minutos de nível elevado, bastou para os comandados de Jorge Jesus arrumarem com a eliminatória frente aos abnegados cazaques, que ainda assustaram. Depois da surpresa causada pelos da casa, uma grande penalidade carregada de ingenuidade do central Logvinenko em disputa de bola com Doumbia – com Bruno Fernandes a cobrar de forma irrepreensível – deu embalo para mais dois golos, ambos criados de forma clássica, atendendo aos processos de jogo definidos pelo técnico leonino. Primeiro, desequilíbrio no corredor, desta feita com um excelente trabalho individual de Acuña, antes de servir Gelson ao segundo poste e, depois – novamente com internacional argentino no processo, agora a servir –, Bruno Fernandes assistiu o isolado Doumbia, que assim voltou aos golos e fechou a eliminatória, salvo qualquer catástrofe em Alvalade dentro de uma semana.
Foi na intensidade colocada em campo pelos leões nos primeiros 15 minutos da segunda parte que esteve a chave do sucesso, depois de 45’ a navegar à vista e, fundamentalmente, marcados pela passividade. O Astana, recorrendo a lançamentos para as costas do bloco mais recuado dos leões, apelando às diagonais de Tomasov e Twumasi, chegou à vantagem, ameaçou mesmo o segundo na primeira metade da contenda e sentiu-se confortável com a lentidão de processos dos forasteiros, sempre marcados pelas dificuldades em ligar os momentos ofensivos para criar perigo, excetuando as arrancadas de Gelson ou os disparos de longe de Bruno Fernandes.
Jorge Jesus, que começou o encontro sem poupanças entre os disponíveis, sentiu que o seu lado esquerdo estava desenquadrado com as ações ofensivas de Twumasi, puxou pela necessidade de aumentar os índices de agressividade e tudo mudou. O resultado ficou fechado nos ditos 10 minutos e o técnico do emblema de Alvalade começou a olhar para o Tondela. Primeiro, tirou o castigado Coentrão com o intuito de preparar o previsível substituto Acuña e, depois, Doumbia, que deverá ser titular na Beira Alta, por força dos problemas físicos de Bas Dost. A expulsão de Logvinenko coroou os intentos de Jesus e os verdes e brancos então passaram a gerir a posse de bola, aproximaram-se da baliza cazaque mais uma ou duas vezes e viram Anicic disparar, no último sopro, ao poste esquerdo de Rui Patrício.
A presença nos oitavos de final da Liga Europa está praticamente assegurada e, com o triunfo de ontem, Jorge Jesus venceu o primeiro jogo na presente temporada partindo em desvantagem no marcador e, mais do que isso, pela primeira vez na história do clube, em 55 jogos, ganhou fora estando em desvantagem ao intervalo, acabando com o ciclo de 10 anos sem vencer fora num jogo a eliminar da UEFA, tirando as pré-eliminatórias.