O Jogo

“Futuro? Estou a trabalhar na próxima época”

Luís Castro, treinador do Chaves, em exclusivo a O JOGO

- CARLOS PEREIRA SANTOS “Uma equipa como o Chaves, que a dez jornadas do fim consegue os 36 pontos, claramente surpreende­u”

É um transmonta­no que tenta levar longe a voz de Trás-os-Montes, à frente de uma equipa que cumpre um campeonato de fazer inveja à concorrênc­ia. A permanênci­a já está, venha o resto

Luís Castro, 57 anos, um senhor do futebol. Transmonta­no – e um intenso defensor da região –, católico convicto, homem de família, filho de uma professora e de um militar, com duas filhas que são duas críticas atentas do seu trabalho, diz coisas como esta: “As pessoas que são as minhas grandes referência­s são pessoas humildes, de muito trabalho, que sofreram muito neste mundo. Dar uma alegria a uma pessoa sofrida tem muito mais prazer do que dar alegria a uma pessoa que viva bem.” Ao longo da conversa com O JOGO – já agora, foi um prazer, mís ter !–, percebemos que Luís Castro nãoé apenas um treinador de futebol da I Liga que até já passou por um grande, o FC Porto; não, é um homem de convicções firmes, atento ao mundo que o rodeia, interessad­o noutras questões que não apenas o futebol, como o leitor concluirá depois de ler o resultado desta conversa.

Há tempos disse que um dos seus objetivos era dar uma alegria aos sócios do Chaves pela forma como a equipa se comportari­a. Acha que conseguiu?

—Naturalmen­te, houve jogos em que conseguimo­s dar essa alegria aos adeptos, outros em que não conseguimo­s. Se nós formos a um filme de um jogo de 90 minutos e retirarmos as imagens dos golos, aí, ou gostamos ou não gostamos do jogo. Os golos é que dão a alma ao futebol,équen os dão alegrias, tristezas. À luz desse pensamento, houve dias de muita tristeza para os nossos sócios, porque perdemos muitas vezes, mas também os houve de muita alegria, muito bons, em que certamente sentiram muito orgulho na equipa, nos jogadores que têm e na instituiçã­o, mas no cômputo geral, comocon seguimos o nosso objetivo, queéa permanênci­a, aalegriaé maior do que a tristeza. O Desportivo joga como Luís Castro quer, como imaginou?

—Nós andamos sempre em

Vê-se como treinador do Chaves na próxima época?

—Sim, embora tudo seja imprevisív­el. Sei lá, o meu presidente pode de repente achar que eu não sou o treinador ideal para a próxima época, e tenho de acolher isso de forma natural, e acolho. Posso eu achar que não sou o treinador ideal para o Chaves na próxima época, posso estar desgastado com algumas lutas que travei ao longo da temporada, pode aparecer alguma coisa de repente na minha vida em termos de proposta de trabalho que me leve a outro lado, mas neste momento estou focado no Chaves e a trabalhar na próxima época.

“Futuro? Estou a trabalhar na próxima época”

busca da perfeição e nunca vamos conseguir. A forma como idealizámo­s, dentro do que é possível, conseguimo-la, mas acho que estamos aquém daquilo que podemos fazer.

O Chaves é, a par do Portimonen­se, a equipa que mais surpreende­u neste campeonato a nível do futebol jogado?

—Uma equipa como o Chaves, que a dez jornadas do fim consegue os 36 pontos, claramente surpreende­u. A nível do que éofutebolj­o gado, procuramos sempre jogar dentro do queéa nossa ideia e um conjunto de pensamento­s associados a essa ideia. Nós procuramos sempre que eles se cumpram, mas, muitas vezes, as outras equipas obrigam-nos a alguns desvio se a limitar um pouco aquilo queéaestét­ic ado jogo, mas procuramos sempre. Gosto muito de vários jogos que fizemos, há alguns pedaços do campeonato de que não gosto, mas, no geral, somos uma das boas equipas a jogar futebol.

O que é que se pode esperar mais do Chaves, alcançada que foi a permanênci­a? Falase na Europa...

—Há sete crónicos candidatos às competiçõe­s europeias: os quatro grandes – porque é justo considerar­mos o Braga um grande –, o Marítimo, o Rio Ave e o V. Guimarães. São sete. Só cincoé que vãoàEuropa;d estes sete, dois têm de ficar de fora. É um desafio enorme entrar neste grupo. Há muitas condiciona­ntes. Há que caminhar, mas de uma forma forte, com massas associativ­as envolvidas, com orçamentos que permitam isso.

“Gosto muito de vários jogos que fizemos; há pedaços do campeonato de que não gosto, mas, no geral, somos uma das boas equipas a jogar futebol” “Há sete crónicos candidatos às competiçõe­s europeias. É um desafio enorme para qualquer instituiçã­o entrar neste grupo” “Há que caminhar. É um desafio financeiro à região, ao clube, e o recrutamen­to também é fundamenta­l”

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