Fabio Capello diz adeus entre críticas e elogios
Campeão e internacional como jogador, celebrizou-se pelo sucesso enquanto treinador. O seu Milan foi das melhores equipas da história
Italiano confirmou que o Jiangsu Suning, da China, onde esteve nos últimos nove meses, foi o seu último trabalho como treinador. Vai dedicar-se a comentar jogos, depois de uma carreira de sucesso
“Já tive a experiência de treinar as seleções inglesa e russa, queria voltar a treinar uma equipa de clube e o Jiangsu foi a minha última experiência no futebol”, respondeu Fabio Capello à dúvida sobre se seria ele o próximo selecionador italiano. O técnico, de 71 anos, confirmou que não voltará a treinar e deixou claro o orgulho que sente no seu percurso: “Fiz tudo o que queria, sinto-me muito feliz com tudo o que fiz e agora dedico-me a fazer comentários, neste papel vence-se sempre...”
E se de algo pode realmente orgulhar-se o italiano é daquilo que conquistou – mais como treinador, apesar de também ter sido um jogador de sucesso. Antigo médio, começou na SPAL, seguindose Roma (uma Taça de Itália), Juventus (três campeonatos) e Milan (um campeonato e uma Taça). Também representou a squadra azzurra em 32 ocasiões, tendo marcado oito golos. Mas Fabio Capello é, sobretudo, sinónimo de um treinador duro e muito bem-sucedido, em particular num início de carreira que, nos primeiros cinco anos, lhe valeu quatro campeonatos e três Supertaças de Itália, uma Supertaça Europeia e a Liga dos Campeões de 1994, quando fez a “Dream Team” de Johann Cruyff passar o pesadelo dos 4-0 na final de Atenas.
No palmarés de Capello constam ainda duas ligas espanholas em distintas passagens pelo Real Madrid (1997 e 2007), intermediadas por mais uma conquista da Série A, pela Roma, em 2001, juntando-lhe a Supertaça nacional. E dois títulos pela Juventus (2005 e 2006), posteriormente retirados no âmbito do processo “Calciopoli”.
Na hora do adeus, Capello deixou também várias críticas, nomeadamente à qualidade do futebol em Itália. “O salto da Serie A para a seleção é muito grande, há jogadores que são grandes na Serie A mas depois desaparecem na seleção porque do outro lado há jogadores de um nível altíssimo. Na Serie A há pouca qualidade”, sentenciou, explicando o que falta ao “calcio”: “É preciso ensinar os miúdos a jogar futebol, a controlar a bola. Em Itália fala-se demasiado de tática desde os 12 anos, em Espanha dão-lhes sempre e apenas a bola. É preciso que haja pessoas que ensinem futebol, que ensinem a técnica.”