O Jogo

AOS DRAGÕES SÓ FALTA... BAS DOST

O FC Porto tem melhores intérprete­s em quase todas as ações do jogo, mas perde muito na finalizaçã­o

- ANDRÉ MORAIS

O holandês do Sporting não precisa do melhor a cruzar (Alex Telles), do rei do drible (Brahimi) ou do melhor passador (Óliver) para rematar melhor, marcar mais e ser mais eficaz

A maior novidade do Sporting para o jogo desta noite, por comparação com a primeira mão, jogada há mais de um mês no Dragão, é também o fiel da balança entre leões e dragões e quase o único que foge à lógica do domínio portista nos vários aspetos do jogo. Falamos, pois claro, de Bas Dost, o segundo melhor marcador do campeonato português( só Jonas tem mais golos), o avançado que vale 31 por cento da produção do Sporting e, já agora, do principal trunfo de Jorge Jesus para virar a eliminatór­ia e levar o Sporting à final.

Com base na análise numérica, o FC Porto tem melhores armas para chegar ao último terço eé mais forte na recuperaçã­o defensiva,m asfalta-lhe a pontaria do holandês, o melhor a rematar de cabeça em Portugal, o mais eficaz na relação remate /golo entre os dois plantéis que hoje se defrontam e aquele que mais facilmente consegue enquadrar um remate.

Aboubakar, Soares e Marega foram, durante larga parte da época, o grande suporte do FC Porto montado por Sérgio Conceição em 2017/18. Aboubakar, entretanto, entrou numa espiral negativa e não marca há sete jogos. Soares vai em três e Marega só agora voltou, depois de um mês e meio parado. As lesões de Bas Dost já o retiraram de dois jogos contra o FC Porto, precisamen­te os que o Sporting perdeu, mas nunca lhe roubaram tanto tempo de competição nem o deixaram longe dos golos tanto tempo. O pior jejum da temporada foi de seis jogos seguidos sem marcar, mas numa série muito difícil, com jogos contra Olympiacos, Barcelona, Juventus e... FC Porto, precisamen­te. Aliás, se há jogador entre Sporting e FC Porto verdadeira­mente decisivo em qualquer uma das equipas é Bas Dost. Na I Liga, o holandês foi responsáve­l direto por 19 pontos conquistad­os pelos leões. Para se ter uma ideia da importânci­a, basta apontar que os golos decisivos de Aboubakar, por exemplo, “só” valeram seis pontos. E, se alargarmos às ações dos três atacantes portistas mais utilizados, contamos 21 pontos resgatados. Juntos conseguira­m apenas mais dois do que o gigante que ainda ontem renunciou à seleção holandesa (ver mais na página 9) por não encontrar um esquema que o faça funcionar.

Todos contra um

N oS por tingé muito importante. Eé quase oúni coques e mete entre os “mais” dos vários rankings analisados. O FC Porto tem o melhor passador, o que mais e melhor cruza, orei do drible, quem mais bolas recupera, o mais forte nos duelos individuai­s e outras coisas que a infografia em cima documenta. Mas Dost goleia no capítulo do remate: 62 por cento dos seus disparos vão na direção da baliza dos adversário­s contra 49 por cento de Aboubakar, o melhor do FC Porto a esse nível; não precisa sequer de três para marcar, quando o camaronês precisa de quatro. Mas há mais: nas duas equipas é ele quem precisa de menos tempo para marcar e a diferença seria ainda maior se filtrássem­os os números apenas para jogos da Liga. Imaginem agora se, na mesma equipa, estivessem Alex Telles (cruzamento­s), Brahimi (dribles) ou Óliver (passes), aqueles que mais participam no processo da criação de lances de golo...

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