O Jogo

O DIA MAIS IMPORTANTE DOS “ONZE VERMELHOS”

O plantel já não usa gorros, como a primeira equipa avense utilizou, em 1932, para se proteger do frio, mas pode alcançar hoje o feito histórico de chegar à final da Taça de Portugal O Aves começou por chamar-se Onze Vermelhos numa analogia com os onze di

- JOÃO MAIA

São quase 88 os anos que separam 12 de novembro de 1930, quando um grupo de amigos, reunidos na Sapataria do Pedras, decidiu fundar um clube, do dia 18 de abril de 2018. Ao cabo de quase nove décadas, hoje é um dos momentos mais importante­s da história do Clube Desportivo das Aves que pode alcançar uma inédita final da Taça de Portugal. Os nomes atuais de Quim, Nélson Lenho ou Alexandre Guedes sucedem aos de Gentil Pinheiro, Bernardino Violento, Zeca Sapateiro ou José Balsemão. Estes e outros mais compuseram a primeira equipa avense, então denominada de Onze Vermelhos, uma analogia com os onze diabos vermelhos, como era conhecida a seleção belga no início dos anos 30. Foi a 26 de abril de 1931, no Campo da Passarada, que os também apresentad­os como Craques do Gorro, por usarem gorros na cabeça como proteção contra o frio, realizaram o primeiro jogo frente ao vizinho Negrelos Sport Club. Mais tarde, em 1932, surge a designação de Clube Desportivo das Aves, alteração aconselhad­a pelas autoridade­s que, em tempo de ditadura, achavam que o nome anterior tinha conotação comunista.

Com o passar dos tempos, o pequeno Desportivo cresceu, construiu, entre 1971 e 1981, o seu estádio, subiu, mas desceu logo a seguir, quatro vezesàI Liga, três pela mão de Neca, um adas mais emblemátic­as figuras do clube, e está, agora, a 90 minutos de colocar uma freguesia com cerca de 8500 habitantes no mítico Jamor. Destes 8500 habitantes, cerca de 850 (dez por cento da população) fará hoje mais de 500 quilómetro­s (ida e volta) para as Caldas da Rainha. A febre da Taça é tal que há quem encerre o seu estabeleci­mento em prol da prova-rainha. É ocas ode Marisa Martins e da família, proprietár­ios da florista Mónica Flor. “Somos malucos e decidimos fechar”, vinca, com orgulho.

Difícil mesmoéenco­ntr ar alguém que não vá às Caldas. Os Armazéns Almeida ou as Tintas Paço D’Além não fecham, mas Nuno Almeida e Joaquim Pereira, ex-presidente­s do Aves, não vão faltar. Nuno parte depois do almoço, juntamente com a esposa e os filhos, Joaquim Pereira, presidente aquando da subida de 2005/06, vai de manhã. “Sempre sonhei em chegar ao Jamor, embora racionalme­nte achei que fosse difícil. Até podia ser o Firmino [roupeiro do clube] a cumpriment­ar o Presidente da República e a levantar a Taça”, brincou Nuno. E há até quem tivesse sido involuntar­iamente convencido por O JOGO a ir ao encontro. Augusto e Cristina Barros, proprietár­ios do Café da Baixa, ponderaram fechar, mas optaram por trabalhar, embora com menos “20 ou 30 clientes habituais” que se vão meter à estrada. Depois de a reportagem de O JOGO ter saído do Café da Baixa, Augusto Barros informou que tinha decidido ira oencontro.Éa febre da Taça.Éojo goda história do Aves.

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