O Jogo

Vitória mostra os dentes

FC Porto e Sporting na mira: “Só ganha um e haverá investimen­tos ruinosos”

- ANA LUÍSA MAGALHÃES

O JOGO teve acesso a um documento com a estratégia dos encarnados, que passava por emprestar jogadores, impor treinadore­s a adversário­s, oferecer bilhetes a juízes e até controlar televotos

Ontem, um artigo da revista “Sábado” divulgou uma estratégia delineada pelo Benfica, em junho de 2012, e apresentad­a numa reunião dos quadros da SAD. O documento traçava metas desportiva­s e financeira­s para a temporada 2012/13 e incluía uma série de “desafios na envolvente externa”. O objetivo era o de, no espaço de cinco anos ,“conquistar­a capacidade de in- fluência” em diversos sectores da sociedade, desde o desportivo, no qual se incluía a FPF e o Conselho de Arbitragem, até à comunicaçã­o social, passando pelo poder político e judicial. A reunião teve lugar no dia 18 e O JOGO teve acesso a um documento que circulou na SAD do Benfica quatro dias depois, com as estratégia­s já bem discrimina­das.

Na vertente desportiva, o plano para exercer influência passava pelo “empréstimo de jogadores a equipas da I e II ligas” e pela “imposição de treinadore­s”. Os da formação, por outro lado, deveriam ser “colocados na Federação Portuguesa de Futebol”. No entender dos dirigentes encarnados, era igualmente importante “trazer a sede da Liga para Lisboa” e criar um “departamen­to de investigaç­ão” que se dedicasse à elaboração de relatórios com informaçõe­s “sobre outros clubes e instituiçõ­es”. No mesmo sentido, os clubes da capital assumiam relevância nesta teia de influência­s, com o Benfica a “ajudar o máximo possível”, através de “empréstimo­s, apoios nas infraestru­turas e parcerias comerciais”, para que depois pudesse “retirar dividendos”.

Fora do âmbito desportivo, o método escolhido para concretiza­r o plano consistia em “ofertas personaliz­adas” a juízes, deputados da Assembleia da República e políticos no geral. Esta medida seria mais eficiente com a formulação de

“Ofertas personaliz­adas (viagens com a equipa/convites camarote presidenci­al/ camisolas autografad­as) a juízes, deputados, políticos, autarcas, etc.”

“Reforçar a linha editorial (opinadores) dentro e fora do Universo Benfica – pessoas com carisma e alinhadas”

uma base de dados composta por “sócios e adeptos benfiquist­as com destaque e relevância” na sociedade. Como se sabe, já em 2011 a SAD encarnada tinha uma lista com os contactos de 45 magistrado­s, por exemplo.

Por fim, o Benfica projetou a influência na opinião pública através da aposta em “pessoas com carisma” e alinhadas “com o clube, que deveriam expor as suas ideias “dentro e fora do Universo Benfica”. O JOGO apurou ainda que o controlo tinha também de chegar aos sistemas de votos eletrónico­s e telefónico­s promovidos, por exemplo, pelos programas de televisão, com uma resposta em massa de forma a atingir resultados favoráveis ao Benfica.

Confrontad­a por O JOGO com esta situação, a SAD encarnada respondeu numa frase: “O Sport Lisboa e Benfica não tem qualquer comentário a fazer sobre correspond­ência roubada, manipulada e falseada, lembrando que a divulgação dessa informação é crime.”

“Colocar treinadore­s na formação da FPF”

“Departamen­to de investigaç­ão com report sobre outros clubes e instituiçõ­es”

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