“Não estive à altura do Benfica”
Pedro Pereira em exclusivo
Trocou o Benfica pela Sampdória, mas regressou para ser o sucessor de Nélson Semedo, que estava encaminhado para o Barcelona, mas o defesa, então com 19 anos, só fez um jogo e rumou a Génova
Não faltam casos de jovens promessas que brilham em Portugal, mas não têm a mesma sorte quando se mudam para os principais campeonatos da Europa. O caso de Pedro Pereira foi exatamente ao contrário. Estreou-se na Serie A com apenas 17 anos e foi titular em grande parte dos jogos da Sampdória, ao ponto de ser recebido no seu regresso ao Benfica – onde jogava desde os 10 anos – com o “título de lateral-direito do futuro”. Não um título de jornais, mas uma frase pronunciada pelo seu antigo treinador, Rui Vitória, logo no dia em que entrou no Seixal. Alguma coisa não funcionou e a jovem promessa foi reenviada para Itália, por empréstimo de uma época e meia, desta vez para o Génova. Nesta entrevista a O JOGO, o jovem reconhece que “não estava preparado”.
Como é que se sente no regresso a Génova?
—O grupo acolheu-me muito bem, estava à espera que fosse mais difícil, porque este é um clube com jogadores de muita experiência, mas entrei bem na equipa e consegui criar laços de amizade que ajudam também no rendimento.
Era a grande aposta do Benfica para suceder a Nélson Semedo. O que faltou?
—Acho que foi apenas uma questão de, naquele momento, eu não estar preparado. Complicou muito ter estado meio ano sem jogar e quando cheguei à pré-época não estava dentro das rotinas de treino, de jogo, de forma física e o Benfica é um clube com um nível de exigência muito elevado. Eu também esperava outra coisa, foi uma grande desilusão para mim não conseguir estar à altura do Benfica. Era o meu sonho, mas a vida é assim. Agora sinto-me muito mais forte e preparado.
O que é que não funcionou para vingar no Benfica? Faltaram oportunidades para se mostrar?
—Eu estava bem aqui na Sampdória, mas no Benfica tinha o Nélson à frente. Eu gosto muito dele como jogador e como pessoa e só posso falar bem dele e do André Almeida que me ajudaram em tudo. O Nélson estava a jogar e estava a fazê-lo muito bem, eu tinha de esperar por uma oportunidade e não sei o porquê de naquele meio ano ter ficado parado e não ter continuado a jogar alguns jogos. O facto de nunca ter jogado pela equipa principal e não ter as mesmas rotinas muda tudo, porque o campeonato português é diferente do italiano e o Benfica jogava de forma diferente da Sampdória. Foi um conjunto de situações.
O que lhe disseram Rui Vitória e Luís Filipe Vieira no final da pré-temporada, antes de ser emprestado?
—A única coisa que me disseram é que eu não tinha dado a resposta que tanto eles como eu estávamos a espera, que sabiam que as coisas não tinham acontecido da melhor maneira e poderiam ter feito as coisas de uma maneira diferente, masque naquele momento eu não estavaàaltur adas expectativas do Benfica nemàalturad aquilo que eles sabiam que eu poderia dar ao clube. Decidimos ser melhor ir para um sítio onde pudesse jogar mais minutos e pudesse depois voltar.
Depois dessa conversa, porque é que acabou por ficar no verão mesmo sabendo que não iria jogar?
—Fiquei, porque surgiram algumas propostas que me interessavam e não foram aceites pelo Benfica, porque não alcançaram um acordo. As propostas que o Benfica aceitou chegavam de campeonatos como Chipre e Ucrânia que não me interessavam. Eu sou um jogador jovem e não é o momento de ir para esses países apesar de o salário ser muito mais elevado. Na minha idade é muito melhor jogar num campeonato competitivo, onde eu possa crescer e evoluir.
Concorda que para irem buscar à pressa Douglas, que quase não jogou, mas valia ter ficado?
—As decisões não passam por mim e eu respeito-as. O Benfica é um clube que luta todos os anos para ganhar o campeonato e quer jogadores que estejam à altura de vencer e se a aposta era o Douglas, eu respeito a decisão.
“Esperava outra coisa, foi uma grande desilusão para mim não conseguir estar à altura do Benfica. Era o meu sonho”
“Chegaram propostas de Chipre e Ucrânia. Eu sou um jogador jovem e não é o momento de ir para esses países apesar de o salário ser muito mais elevado”