O Jogo

“Seleção portuguesa tem meninas com talento”

À distância, Marta considera que as comandadas por Francisco Neto têm qualidade, mas é necessária maior aposta na profission­alização, até se equiparare­m com outras potências

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Marta aponta à massificaç­ão da profission­alização, rumo ao cresciment­o da equipa das Quinas e não só. Há um ano, a seleção feminina portuguesa estreou-se num Europeu. Como tem acompanhad­o a evolução de Portugal? —Portugal é uma seleção de meninas jovens que têm muito talento, só que falta trabalhar as atletas ao nível de grandes seleções europeias, como França, Alemanha, Inglaterra, ouSuécia,queestãoma­isavançada­s, porque existe um lado mais profission­al. As meninas têm uma rotina de trabalho árdua, dura, de atleta mesmo. Agora, vemos talento nas atletas de Portugal, é preciso trabalhar o outro lado e de que maneira?Comapoio,dandototai­s condições para se dedicarem ao desporto, cuidarem-se e terem vida de atleta. Depois, com talento e trabalho, é óbvio que o nível vai crescer para estarem aptas a competir com grandes seleções. É isso que falta para que Portugal se apure já para o próximo Mundial? —Com certeza, mas não somente para Portugal, como para as outras seleções, até mesmo o Brasil. Nós temos um pouquinho mais de facilidade, porque a maioria joga fora do Brasil e tem uma vida de atleta. Nós já passámos por essa fase de convocar atletas que nem clubes tinham, atletas que estavam 15 dias a treinar e depois voltavam para casa e não faziam nada. Então, voltam para a seleção e têm de começar tudo de novo, mas não só no Brasil, em várias seleções da América do Sul. É necessário trabalho contínuo para mudar esta realidade, um trabalho motivacion­al para que as meninas realmente queiram fazer isto. Não é fácil dizer ‘cuide-se e não pode fazer isto, nem aquilo’, quando financeira­mente não se é remunerada, de tal modo. Joga com a Nádia Gomes, internacio­nal portuguesa de 21 anos. Que avaliação faz da avançada? —É uma atleta jovem, com muita qualidade, mas é necessário que continue a trabalhar para procurar sempre o seu melhor, em cada dia de treino, de forma a que possa ter oportunida­de na equipa. Costumo conversar bastante com ela nos treinos e fora do campo também. Tento incentivar da melhor maneira possível, é nítido que a Nádia tem talento, e torço para que se possa desenvolve­r connosco cada dia mais.

MARTA DIZ “Com totais condições para as meninas terem vida de atleta e com trabalho, o nível crescerá” “No Brasil já se passou por uma fase de convocarem atletas que nem clube tinham” “Não é fácil dizer ‘cuide-se, não pode fazer isto, nem aquilo’, quando financeira­mente, não se é remunerada de tal modo”

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