CORTINA DE FERRO
DIFICULDADE MÁXIMA NO PRIMEIRO TESTE AO CAMPEÃO EUROPEU
Selecionador Hierro recusa mudanças João Mário ou Adrien: a dúvida no onze Análise: “hermanos” quase gémeos, mas Portugal remata mais Comparação: só se salva o futebol de praia Opinião: Luís Freitas Lobo, Manuel Queiroz e Joana Marques Rússia maltratou Arábia Saudita [5-0] na abertura
A cerimónia de abertura foi mais pobre do que as anteriores e a maioria dos líderes políticos mundiais não compareceu. Na parte do futebol, foi Casillas quem mostrou o troféu
CARLOS MACHADO
O mais político dos mundiais desde a queda do Muro de Berlim já rola. O Rússia’2018 abriu no Estádio Luzhniki com uma cerimónia simples e polémica, antes de a equipa da casa entrar em campo com um recorde: a maior goleada de um jogo de abertura (5-0 à Arábia Saudita), levando até a que se esqueça ter sido o primeiro confronto do Mundial disputado entre o 70º classificado do ranking FIFA e o 67º.
Horas antes de um espetáculo de luz e cor, abrilhantado por um miniconcerto de Robbie Williams, em parte acompanhado pela soprano Aida Garifullina, o Parlamento Europeu desafiou a Comissão Europeia a emitir uma declaração “que condene as violações dos direitos humanos na Rússia” e as tentativas para as encobrir com o Mundial. A anexação da Crimeia é uma chaga e, nesta altura, mais uma vez, o futebol veículo político de contestação. Os líderes mundiais não compareceram, o sinal expresso no voto da Rússia a favor da candidatura americana ao Mundial’2026 não chegou a tempo para funcionar como manifestação de boa vontade e a bola seguiu em frente.
Robbie Williams não cedeu às pressões políticas inglesas – no Partido Trabalhista só faltou trepar às paredes – e aceitou cantar na abertura, mas ao deixar o relvado mostrou o dedo do meio para as câmaras. Foi feio, mas de borla. Essa foi a explicação do cantor: “Por favor, lembremse que eu fiz isto de graça.”
Na parte referente ao futebol, coube ao portista Iker Casillas mostrar o troféu em disputa, ele que, não sendo campeão em título, é um dos seres do planeta que, desde 2010, sabe quanto pesa a Taça do Mundo. Acompanhado pela modelo Natalia Vodianova, o ex-capitão da seleção de Espanha mostrou o motivo pelo qual representantes de 32 países correm nos relvados em quotas continentais.
Do futebol-futebol, esperam-se grandes jogos.