O Jogo

As regras para os génios e para os seus escravos

- Manuel Queiroz

O hat trick de Cristiano com a Espanha continua a reverberar no mundo, enquanto Messi teve ontem o seu dia mau (falhou um penálti que era decisivo). São os génios – hoje joga Neymar – quem faz mover quem gosta de futebol e convém saber como se deve agir com eles na equipa.

Recorro a Jorge Valdano, que era um grande jogador e não se importou de ser o aguadeiro de Maradona em 1986, nos EUA. Diz ele: “Primeira regra: o jogador de génio deve ter um estatuto à parte. Depois, ninguém deve meter-se na sua sombra. O génio é excecional e merece viver uma vida diferente. Os outros fazem parte dos simples mortais. Estes devem velar pelo equilíbrio da equipa, serem disciplina­dos. Posto isto, é preciso aprender a jogar com o génio. No Mundial’82 os jogadores não compreendi­am Maradona, não lhe davam a importânci­a que ele merecia. Um dia Menotti, numa preleção tática, mandou Maradona sair da sala e disse. ‘Sabem quantas bolas devem passar a Maradona? Não respondam, que eu digo: todas!’. O génio deve ter ao seu lado jogadores inteligent­es que sabem que têm ali uma arma de destruição.”

Não sei se estou completame­nte de acordo com Valdano. Certo é que o que ele descreve é uma equipa unida, mas às ordens do seu génio. Ou melhor, escrava dele. E se ele faltar? A Argentina 86 teve Maradona sempre, Portugal em França não. Ambos ganharam.

Um dia Menotti mandou Maradona sair da sala e disse aos outros: “Sabem quantas bolas lhe devem passar? Todas”

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Portugal encavalito­u-se nas costas de Ronaldo no jogo com a Espanha
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