Aborrecido por Gonçalo
SAÍDA Regresso do avançado à casa mãe complicou as contas do treinador, que elogia o substituto (André)
“O André entrou muito bem. E não quero tirar o mérito ao Edinho e ao Alef, mas o Gonçalo representava muito para toda a equipa”
A meio da conversa sobre Gonçalo Paciência, entrou um outro tema, a desconfiança que reina no futebol português. José Couceiro deu um bom exemplo de como se deve atuar nos dias de hoje
Um jogador que marcou a época do Vitória foi, sem dúvida, Gonçalo Paciência, que acabou por regressar ao clube de origem, o FC Porto, em janeiro. Uma situação que não agradou nada a José Couceiro: “Fiquei aborrecido com a saída do Gonçalo. Não disse nada ao longo da época para não perturbar quem lá estava e quem veio. Em agosto, ninguém queria o Gonçalo, digamos que foi quase o último recurso dele. O Gonçalo evoluiu muito, tem um potencial fantástico e, no momento em que nós íamos começar a tirar proveito dele, é quando ele sai. De facto, não foi só o que ele representava para mim, é muito mais o que ele representava para os colegas.” Ressalvando o valor de quem o substituiu e quem lá ficou... “O André (Pereira) entrou muito bem, nem quero tirar o mérito ao Edinho e ao Alef. Perdemos o Gonçalo a seguir ao jogo da Taça da Liga. Acho que não devia ser permitido, coloca em causa a verdade desportiva. Este processo de transferências devia acabar até ao final da primeira volta. Pessoalmente, não concordo com a limitação de jogadores emprestados, nem que eles não possam jogar contra o clube de origem. Vivemos em Portugal a criar constantes dúvidas sobre a seriedade das pessoas. É um problema do regulador. De repente, entra tudo no mesmo saco, somos todos desonestos. Não, tem de haver um conjunto de regras e essas regras são para se cumprir.”
A conversa derivou para o ambiente de desconfiança que se vive no futebol português, como se percebe, e Couceiro deixou um bom exemplo de como devem ser as coisas... “Jogámos com o Belenenses, à quarta jornada. O pai do Gonçalo (Domingos) era o treinador do Belenenses. Num minuto, o Gonçalo falhou um lance de golo feito e no minuto seguinte fez autogolo. Acabámos por empatar o jogo. A primeira coisa que eu fiz quando o jogo acabou foi dizer ao Domingos: ‘o teu filho vai ser um jogador a sério’; ao Gonçalo disse-lhe: ‘vais ser titular no próximo jogo’. E foi. Fez um grande jogo contra o Braga. Se se criasse aqui um clima de desconfiança, seria terrível. Não posso entrar nesse clima. Aborrecido já estava ele com o que lhe aconteceu. Cometeu um erro de posicionamento e corrigiu-o. Teve influência dar-lhe essa palavra de confiança? Acredito que sim, mas foi um lance acidental, ele tinha os apoios tortos, aprendeu com o erro. Se os jogadores não estiverem estáveis, não vão tirar proveito do seu potencial, nem eles nem as equipas.”