PASSES PARA O PRECIPÍCIO
DIFICULDADES Portugal encolheu-se após o golo e voltou a falhar demasiados passes. A maior iniciativa marroquina relegou Portugal para um papel de quase espectador
A vitória não esconde as dificuldades sentidas pelos portugueses na construção de jogo. Os lusos são agora a sexta pior equipa na eficácia de passe. As constantes perdas de bola fizeram mossa na posse
Portugal voltou a sentir contra Marrocos as dificuldades já denunciadas frente à Espanha: a construção de jogo é prejudicada pela fraca eficácia de passe. Ontem os portugueses “entregaram” a bola ao adversário a cada 4,1 passes, demonstrando um raquítico acerto de apenas 76%. Os números ganham verdadeira expressão na análise do ranking da eficácia de passe das 32 equipas deste Mundial: Portugal é o sexto com o pior acerto, com uma eficácia média de 80%.O líder do ranking é, sem surpresa, a Espanha (91%).
As surpreendentes dificuldades de circulação de bola sentida pelos lusos – numa seleção composta por jogadores de elevado nível técnico, note-se – explicam, em parte, o segundo pecado lusitano que tem a ver com a falta de rédeasnum jogo que foi ganho no quarto minuto. Já agora, refira-se que foi o segundo golo mais rápido dos portugueses num Mundial, a par dos de Ronaldo (frente à Espanha, na primeira jornada) e de Pauleta (com Angola, em 2006).O recorde é pertença de José Augusto, aos 2’ (Hungria, 1966).
A vencer cedo, foi permitida à seleção africana 54% na posse de bola e nem sempre houve pulmão para fazer o obrigatório pressing, como fica demonstrado nos menos dois quilómetros percorridos pelos portugueses comparativamente aos marroquinos (105/107 km).A condição física dos comandados de Fernando Santos parece estar um degrau abaixo da apresentada no Europeu de 2016, e no qual os lusos fizeramuma média de 106 quilómetros por jogo na fase de grupos.
Para já, Portugal ocupa o meio da tabela ( 18. º ) no ranking das equipas que mais correram neste Mundial (média de 103,5 km).