Destituições não são tabu
Da Espanha à Argentina, passando pelo Brasil, caíram sete líderes de clube neste século Desse lote, Corunha e Vasco têm sentido dificuldades em recuperar das respetivas crises políticas
Caso os sócios optem hoje pela revogação coletiva, com justa causa, do mandato do Conselho Diretivo, Bruno de Carvalho junta-se a um rol de sete presidentes de clubes (ver coluna) que foram destituídos durante este século. Irregularidades como fraude fiscal ou adulteração de eleições, entre outras, estiveram na base de “manchas negras” nas histórias de Atlético de Madrid, Real Madrid, Flamengo, Corinthians, Newell’s, Corunha e Vasco, sendo que estes dois últimos ainda acusam os efeitos das respetivas crises políticas.
Responsável pela ida de Futre para os colchoneros e conhecido pelo estilo truculento, Jesus Gil y Gil liderou o Atlético com punho de ferro e mil polémicas à mistura entre 1987 e 2003, ano em que uma intervenção judicial decretou a sua destituição da liderança do clube. De Espanha vêm ainda os casos de Ramón Calderón, forçado a demitir-se do Real após um escândalo de votos forjados numa reunião magna do clube, em 2009, e de Augusto Lendoiro, que foi destituído em AG, em 2014, sob a alegação de ter mergulhado o Corunha numa grave crise financeira, da qual nunca mais conseguiu recuperar.
Na Argentina, Eduardo López liderou o Newell’s entre 1994 e 2008, quando foi expulso de sócio, após terem sido expostas múltiplas irregularidades nos seus mandatos. Conhecido pela sua tirania, López conseguiu sempre impugnar listas opostas e interpor ações judiciais para evitar eleições nos “leprosos” até mais não poder.
Três dos maiores clubes do Brasil também não escaparam à onda de deposições. Em 2002, Edmundo dos Santos Silva foi destituído da presidência do Fla sob acusações de fraude fiscal, enquanto Eurico Miranda acabou afastado da cadeira do poder do Vasco após a Justiça ter provado que adulterou as eleições de 2007 contra Roberto Dinamite. Por fim, também em 2007, o Conselho do Corinthians mostrou a porta de saída a Alberto Dualib, após este ter sido acusado pelo Ministério Público de lavagem de dinheiro e formação de quadrilha.