O Jogo

“A AMIZADE FICA DE LADO”

FERNANDO SANTOS Próximo de Carlos Queiroz há 35 anos, o selecionad­or nacional conta levar a melhor sobre o Irão, catalogand­o o adversário de “melhor equipa asiática”

- PEDRO ROCHA

Prevenido para um adversário “organizado” e com jogadores “experiente­s”, Fernando Santos relativizo­u a pressão, garantindo que o Irão tem igualmente tudo a perder, tal como Portugal

Carlos Queiroz, o rosto mais familiar do Irão, é muito mais do que um “velho” conhecido para Fernando Santos. “Somos amigos há 35 anos”, precisou o selecionad­or nacional, dando conta de um adversário perigoso enquanto gabava o “profission­alismo” de Queiroz. “O meu colega quer ganhar, tal como eu também quero ganhar. E acredito que a seleção portuguesa terá capacidade para seguir em frente, alcançando os oitavos de final. Somos amigos e vamos continuar a ser; só amanhã [hoje] é que a amizade vai ser posta um bocadinho de lado”, apreciou.

Fazendo uma breve viagem no tempo, Fernando Santos recordou mesmo que foram inúmeras as vezes em que ambos conversara­m “sobre futebol” em viagens de comboio. “Era assim quando não podíamos seguir com as respetivas equipas, numa fase em que tínhamos duas profissões. Eu era jogador e engenheiro, ele era treinador e dava aulas”, contou. De volta à atualidade, o treinador não poupou nos elogios ao Irão. “Tive a oportunida­de de analisar não só as duas partidas já disputadas pelo Irão no Mundial como as anteriores dez de qualificaç­ão. Fiquei desde logo com a noção de que é uma equipa fortíssima: em dez jogos, tiveram nove vitórias e um empate. A última vez que sofreram golos foi contra a Síria, no último jogo de qualificaç­ão, quando já estavam apurados. É uma equipa muito organizada, estrategic­amente forte e com jogadores de qualidade. Pela segunda vez consecutiv­a participam num Mundial e têm jogadores experiente­s; alguns até já jogam em campeonato­s europeus”, argumentou.

Provocação ou não, Queiroz garantiu que a pressão estará toda do lado de Portugal e que o Irão não terá nada a perder. Uma perspetiva que Fernando Santos não subscreveu. “As duas seleções têm tudo a perder e a ganhar – está em jogo o apuramento para os oitavos de final. Nenhuma das duas equipas tem mais a ganhar ou a perder. Vamos provar em campo que temos qualidade e capacidade para vencer. Ao contrário do que as pessoas querem fazer crer, o Irão é a melhor equipa asiática”, vincou, desmontand­o depois outra provocação de Queiroz – “Quantas seleções mundiais podem dar-se ao luxo de deixar de fora titulares de clubes como Inter, Barcelona, Lázio ou Mó- naco?”, questionou o selecionad­or do Irão. “Não conheço nenhuma equipa que traga mais do que 23 jogadores ao Mundial; a lei não o permite. Ficam sempre jogadores de fora. E podemo-nos lembrar, por exemplo, do Ricardo Carvalho e do Danilo. Um já não joga e o outro infelizmen­te está lesionado”, referiu. Polémicas à parte, o selecionad­or nacional prevê um jogo muito duro para Portugal e garante que o Irão tem direito a aspirar aos oitavos de final, tal como a Espanha. “Onde podem chegar Portugal e Espanha? Para já, ainda têm de se apurar para os oitavos de final e será difícil porque o Irão também tem possibilid­ades”, alertou.

“Viajávamos de comboio numa fase em que tínhamos duas profissões” “As duas seleções têm tudo a perder e a ganhar – está em jogo o apuramento” Fernando Santos Selecionad­or nacional

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