Carrillo assinou redenção histórica
Extremo encarnado quebrou o hiato do Peru, há 36 anos sem golos no Mundial. Justiça ao bom futebol apareceu no adeus
Depois de 13 152 dias, André Carrillo puxou da culatra para fazer brotar a euforia no Peru. Passados 36 anos, a seleção voltou a marcar em campeonatos do mundo. Até aqui, a turma peruana nada ficara a dever tanto a Dinamarca como à França, mas as derrotaspelamargemmínima (1-0) já a tinham arredado da próxima fase. Livre desse peso, a mobilidade do ataque voltou e a fantasia acabou por desenhar o primeiro golo. Aos 18’, o ícone Paolo Guerrero arrastou marcações e serviu o extremo do Benfica, que, já dentro da área, se preparou para um remate de primeira, indefensável, diga-se, para Matthew Ryan. Nem as 27 pessoas que este levou, com despesas pagas, para o apoiar na Rússia, impediram o fim do jejum do Peru. Os australianos acreditavam na passagem e comandaram a resposta, procurando a velocidade nos corredores para servir os dianteiros. A igualdade do Dinamarca-França ainda alimentava a
A Austrália não ganha um jogo no Mundial desde 2010 e mantém um registo altamente negativo na prova: duas vitórias em 15 jogos e só uma chegada aos oitavos de final
esperanças dos socceroos ao intervalo. Uma versão mais mortífera dos sul-americanos apareceu, no entanto, em Sochi. As transições ofensivas sucederam-se e, aos 50’, Cueva arrancou na esquerda e desenhou a assistência para Guerrero. O tiro de pé esquerdo à meia-volta aproximava a saborosa vitória, inédita em Mundiais há 40 anos. A Austrália acercou-se da área, Cahill foi a jogo e sagrou-se o primeiro dos cangurus a alinhar em quatro mundiais. Mooy e Leckie criaram ocasiões, mas a finalização comprometeu. O futebol de ambas as formações merecia mais. Carrillo concorda. “Nenhum rival foi superior”, realçando o cumprir de um sonho: “Foi uma experiência inesquecível, mas posso dar mais.”