O Jogo

CAMPEÃO DE VOLTA A CASA

Coreia do Sul desliga a ficha à irreconhec­ível campeã do mundo, com dois golos nos descontos. Germânicos, humilhados, nunca tinham ficado pelo caminho na fase de grupos

- CARLOS ALBERTO FERNANDES

Suécia, México, Suíça e Brasil nos oitavos de final Germânicos nunca tinham ficado abaixo do 10.º lugar

COREIA DO SUL 2 ALEMANHA 0 Estádio Kazan Arena, em Kazan Árbitro: Mark Geiger (EUA)

COREIA DO SUL Jo Hyun-woo; Lee Yong, Jang Hyun-soo, Kim Young-gwon e Hong Chul; Lee Jae-sung, Jung Woo-young, Jang Hyun-soo e Moon Seon-min (Ju Se-jong 69’); Koo Ja-cheol (Hwang Hee-chan 56’, Ko Yo-han 79’) e Son Heung-Min

Treinador: Shin Tae-yong

ALEMANHA Neuer; Kimmich, Sule, Hummels e Hector (Brandt 78’); Khedira (Gomez 58’) e Kroos ; Goretzka (Muller 63’), Ozil e Reus; Werner

Treinador: Joachim Low Golos: Kim Young-gwon (90’+3’) e Son Heung-min (90’+6’)

Cartões amarelos: Jung Woo-young (9’), Lee Jae-sung (23’), Moon Seon-min (48’) e Son Heung-min (65’)

Vermelhos: nada a assinalar

Kazan, 27 de junho de 2018. O dia em que a Alemanha, detentora do título, colapsoupe­laprimeira­veznuma fase de grupos de um campeonato do mundo. O adeus adiado por Toni Kroos quatro dias antes – com um milagre nos segundos finais frente à Suécia – confirmou-se quando menos se esperava, frente à modesta Coreia do Sul, 57.ª do ranking FIFA, com uma derrota por 2-0 nos descontos. O esboço de renovação de Joachim Low, bem-sucedido na Taça dasConfede­rações,desaguava por fim num mar de equívocos, visível no horizonte durante os últimos meses de preparação. A Mannschaft sai da Rússia pela porta pequena e com uma crise bem proporcion­ada em mãos.

A sensação transmitid­a pelos germânicos durante estes três jogos foi a de que perdeu a sua melhor arma: a consistênc­ia e a intensidad­e da dinâmica coletiva tão caracterís­tica, capaz de iludir a inexistênc­ia de verdadeiro­s fora de série. Low manteve-se fiel a esse ideário quando deixou em casa o único grande talento emergente: Leroy Sané. No baralhar e dar de novo do último ano, manteve jogadores como Khedira e Ozil, claramente em sub-rendimento, no seu núcleo duro, mas, com exceção de alguns períodos do embatecoma­Suécia,aAlemanha não se viu na Rússia. Frente aos sul-coreanos, e perante a urgência do triunfo, a Mannschaft entrou a passo, letárgica, porventura dominada no subconscie­nte pela certeza do inevitável apuramento (afinal, sempre assim fora).

O despertado­r deveria ter tocado para os alemães quando a Coreia do Sul perdeu as duas melhores ocasiões de golo do primeiro tempo, ambas por Son. O avançado do Tottenham apontou um livre que Neuer não segurou (mas conseguiu emendar), aos 19’, e fuzilou por cima em ótima posição na grande área, aos 25.

No segundo tempo, à medidaquec­hegavaminf­ormações de golos suecos, a tensão aumentava, mas Werner não conseguiri­a estar à altura quando, aos 51’, errou o alvo junto à marca de penálti. Low apressou-se a tentar dar mais eficácia ofensiva, sobretudo na área, com Muller e Gomez, sacrifican­do a capacidade na transição defensiva. O jogo ficou partido nesta última meia hora, com os asiáticos a usufruírem de inúmeras situações de contra-ataque, mal concluídas. Por sua vez, os germânicos tentavam intensific­ar a pressão, optando quase sempre por tentar ganhar no jogo aéreo. Hummels teve três boas oportunida­des mas não conseguiu dar a direção certa ao esférico.

Por ironia, foi Kroos a assistir Kim para o golo – bem validado pelo VAR, depois de o assistente levantar a bandeirola – que deu o golpe final, aos 90’+3’. Desesperad­o, Neuer tentou ainda integrar-se no ataque, mas perdeu a bola que proporcion­ou a Ju um passe longo para Son (90’+6’) fazer o 2-0 numa baliza deserta. Fim de linha para a Mannschaft neste Mundial da Rússia.

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Kim Young-gwon não desperdiço­u na cara de Neuer depois de um corte infeliz de Kroos lhe oferecer o golo
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