O Jogo

“Será perigoso pensar só em Ronaldo” ÁLVARO PEREIRA

Certeza Reconhece o talento do capitão português, mas lembra que a Seleção Nacional tem outras armas e não foi campeã europeia por acaso. Vencedor? Não arrisca um palpite: “É 50/50”

- SÉRGIO ANDRÉ

Ponderado no discurso, o internacio­nal uruguaio acredita que a sua seleção terá de investir muito nas bolas paradas para tentar ferir a seleção portuguesa e seguir em frente na competição

É um dos filhos da revolução imposta por Óscar Tabárez na seleção do Uruguai e esteve presente nas duas últimas edições do campeonato do mundo pela sua seleção. Campeão pelo FC Porto duas vezes, Álvaro Pereira,lateral-esquerdo,agora no Cerro Porteño, do Paraguai, aceitou falar sobre o embate entre Portugal e o Uruguai, a contar para os oitavos de final do Mundial. O jogador antevê uma partida muito equilibrad­a, de “50/50”, mas com Portugal a assumir as despesas do jogo, ficando o Uruguai à espera de oportunida­de para desferir o golpe fatal, sobretudo em lances de bola parada, uma das principais armas da Celeste.

É capaz de arriscar um palpite?

—Não. Será um jogo muito disputado, muito duro. O Uruguai nestas ocasiões surge sempre muito forte como equipa e é certo que quem cometer menos erros irá passar a eliminatór­ia – espero que seja o Uruguai. Como disse, será uma partida muito disputada e tenho a sensação de que Portugal irá assumir mais o jogo e o Uruguai ficará na expectativ­a, à espera. Mas será uma briga dura, aliás como têm sido todos os jogos do Mundial.

Mas isso nem tem sido regra nos jogos de Portugal, que também fica muitas vezes na expectativ­a. O que o leva a dizer que será ao contrário neste jogo?

—Antes do jogo, e atenção que estas coisas podem sempre mudar, parece-me que, pelas caracterís­ticas dos jogadores portuguese­s, irão assumir mais e tentar ficar com a bola. Não falo numa posse de 70 por cento contra 30 por cento, porque, como já disse, o jogo será muito equilibrad­o, mas julgo que terão alguma vantagem nesse aspeto.

Certo. Então, do seu ponto de vista, Portugal irá ter um ligeiro ascendente; pelo menos terá mais bola. E o Uruguai, onde é que pode ferir a seleção portuguesa?

—Já se sabe, o Uruguai é implacável nas marcações e nos lances de bola parada; penso que aí poderá tirar alguma vantagem. Ma sé um jogo de 50/50: Por tu galé campeão europeu e o Uruguai nos últimos anos tem conseguido bons resultados nas várias competiçõe­s onde participa,pelo que estão ambos muito habituados a este tipo de jogos. Não haverá nervosismo.

Quem pode desequilib­rar a partida?

—Percebo a pergunta: quer levar-me para os nomes mais sonantes de uma e outra equipa... Mas, sinceramen­te, a chave destes jogos está sempre numa boa organizaçã­o defensiva e na utilização de uma “linguagem”, numa postura prática do ataque. Agora, é evidente que tanto Portugal como o Uruguai têm intérprete­s fantástico­s à frente: o Edinson [Cavani] e o Luis [Suárez] são jogadores que rendem, muito experiente­s, que cheiram o golo; do lado de Portugal, Cristiano Ronaldo é incontorná­vel, a grande referência, mas há também Gonçalo Guedes, André Silva, jogadores com capacidade goleadora e que podem ajudar a desequilib­rar. Sem esquecer, claro, Quaresma, que ainda no outro dia foi decisivo. Não se pode preparar uma partida em função de um jogador. Seria um erro, há que privilegia­r o coletivo.

Que preocupaçõ­es vai ter então o Uruguai?

—Vai de certeza preocupar-se em não conceder espaços a Portugal; se dermos espaços, eles ficam muito à vontade. Caso

“Pelas caracterís­ticas dos jogadores portuguese­s, parece-me que irão assumir o jogo”

contrário, começam a ficar mais inquietos, mais irritados e a errar mais, e aí o Uruguai pode tirar proveito. Como se costuma dizer, é preciso jogar deforma cirúrgica. Os jogadorest­êm plena noção do que está em causa: trata-se de um único jogo e quem perder faz as malas e volta para casa.

Para o Uruguai, voltar agora a casa seria um fracasso?

—Não olho para as coisas desse modo. Estamos muito otimistas e preparados para o jogo.

Quem tem Cavani e Suárez pode sempre sonhar alto?

—Sim, é verdade. Mas no primeiro jogo, por exemplo, quem marcou a diferença foi Giménez, com um golo quase no fim. Mas outros jogadores, como Bentancur, Vecino, Torreira... formam uma bela sociedade.

Mas concordará que Cavani e Suárez são uma das duplas mais temíveis do mundo, um grande problema para quem os defronta?

—Sim, todos estamos cientes disso. No entanto, não podemos depender só deles.

O bom momento de forma de Cristiano Ronaldo assusta a defesa da seleção uruguaia?

—Se pensarmos só em Cristiano Ronaldo, podemos errar, é perigoso. Nestas competiçõe­s, quem pensa apenas num jogador acaba por fazer as malas e regressar mais cedo. É verdade que ele pode matar um jogo, mas é preciso pensar nos outros. Reconheço, no entanto, que é um atacante de elite, o melhor do mundo. Reafirmo que, para sermos campeões, não podemos pensar apenas no Cristiano.

Parece-lhe que o Uruguai vai mudar o seu estilo de jogo em função do adversário?

—Não me parece, seria estranho. O maestro [Óscar Tabárez] tem a sua filosofia de jogo e todos assimilara­m muito bem esse estilo. A equipa atua sempre de forma muito compacta.

O Uruguai é candidato ao título?

—Vamos ver. Todas as seleções que chegam a estafas e têm essa ambição.

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