Egutidze de bronze em nome do pai
Nasceu na Geórgia, mas cresceu em Portugal e ganhou a 13.ª medalha nacional na cidade espanhola onde o pai... está a trabalhar
“O meu pai veio em 2000 para trabalhar nas obras e eu em 2010, com o resto da família. Como agora não tem trabalho em Portugal, está em Tarragona, ao serviço de uma empresa portuguesa”
“Agradeço muito a Portugal. Não me sinto como um estrangeiro, estou muito feliz aqui. Este grupo do judo é como se fosse uma família e sinto-me verdadeiramente português” Anri Egutidze medalha de bronze em -81 kg
Foi contra tudo e contra todos e perante o olhar de Gia, o pai, que, por uma feliz coincidência está a trabalhar em Tarragona, depois de em 2000 ter chegado a Lisboa para assentar arraiais
Filho de um emigrante georgiano, Gia Egutidze, que há 18 anos se mudou para Portugal, onde começou a trabalhar na construção civil, Anri Egutidze conseguiu ontem a medalha de bronze nos -81 kg do judo, em Cambrils, a cerca de dez quilómetros de Tarragona, ao bater o espanhol Alfonso Urquiza no último combate. Na bancada, uma apreciável mancha vermelha e verde da comitiva do Comité Olímpico de Portugal, liderada pelo presidente José Manuel Constantino, incluía o pai do judoca do Sporting, um dos poucos familiares presentes nos Jogos. “Sempre que posso acompanho o meu filho. Como estou a trabalhar em Tarragona, desta vez foi uma coincidência”, disse-nos Gia, enquanto o esperava.
Para Anri Egutidze, o dia começara mal, com uma derrota, seguindo-se dois triunfos por ippon na repescagem, antes da luta pela medalha. “Como ia lutar com um espanhol, já sabia que não ia ser fácil. Tive de lutar contra ele, o público, o treinador e, pareceu-me, contra árbitros. Chegou a uma altura em que pensei: ‘tenho de projetar ou vai ser derrota’. Como não gosto de ganhar com castigos, estou contente”, contou o judoca de 22 anos, que venceu com uma projeção para wazari já no golden score (prolongamento) e subiu pela terceira vez este ano a um pódio internacional.
“Ter esta medalha é um orgulho. Represento este país desde 2013, Portugal deu tudo por mim e por isso cheguei a este nível. Era quase uma obrigação ganhar aqui uma medalha”, referiu Anri, que chegou a Lisboa, com a mãe e o irmão, em 2010, altura em que a família Egutidze, dez anos depois, se juntou de novo.