O Jogo

Quim pendura as luvas

Retirada do guardião, que já era esperada, foi ontem oficializa­da pelo Aves. Jogador passa a diretor das relações institucio­nais do clube

- JOÃO MAIA

“O Quim foi um dos melhores guardarede­s de sempre do nosso futebol. Ficava radiante ao vê-lo jogar” Manuel Cajuda Treinador de Quim no Braga

Acabou a carreira do jogador mais velho de sempre a atuar na I Liga. Quim, ou “Quinel” para os mais chegados, deixa os relvados após 24 temporadas enquanto sénior, nas quais fez 708 jogos

O Aves anunciou ontem o fim da carreira de Joaquim Manuel Sampaio da Silva, Quim para o futebol, “Quinel” para os amigos. Foi a 13 de novembro de 1975 que, em Vila Nova de Famalicão, nasceu aquele que é, até agora, o jogador mais velho de sempre a atuar na I Liga. Quando, a 14 de maio de 1995, Manuel Cajuda estreou, pelo Braga, o guardião, então com 19 anos, estava longe de imaginar que a carreira de Quim duraria 24 épocas (!) e que, a 22 de outubro do ano passado, com 41 anos, 11 meses e nove dias, ultrapassa­ria Manuel Bento como o jogador mais velho de todos os tempos a alinhar no primeiro escalão. “É um misto de alegria e nostalgia. O Quim foi um dos melhores guardarede­s de sempre do nosso futebol. Ficava radiante ao sentarme no sofá para o ver jogar”, contou Cajuda.

O recorde alcançado por Quim foi conseguido num jogo frente ao Benfica, o clube pelo qual conseguiu o maior número de títulos na carreira. Mas, vamos por partes. A ligação entre Quim e os títulos criou-se em 1994, quando o jogador se sagrou campeão da Europa de sub-18. Depois de dez temporadas no Braga, que o levaria, em 1998, a estrear-se pela Seleção Nacional, Quim mudou-se para o Benfica em 2004/05. Nas águias ganhou dois campeonato­s, duas Taças da Liga e uma Supertaça, partilhand­o,durante quatro anos, o balneário com Petit. “Não imaginava que ele chegasse até aos 42 anos, mas sempre trabalhou no limite e isso permitiu que chegasse até esta idade. É uma grande pessoa, muito humilde, e um grande guarda-redes”, elogiou o agora treinador.

Esta humildade é descrita por muitos que, noutros anos, já falaram de Quim. Talvez por isso, o veterano nunca foi muito adepto de dar entrevista­s.

Entre 2010 e 2013 voltou a representa­r o Braga, a tempo de levantar outra Taça da Liga. Em 2013/14, surpreende­u ao assinar pelo Aves. Na altura, disse que “queria ajudar o Aves a crescer”. E ajudou tanto que não só devolveu o clube à I Liga como capitaneou os avenses na página mais dourada da sua história: a final da Taça de Portugal, de maio passado, com o Sporting. O Aves ganhou, Quim pisou pela última vez um relvado e ergueu o troféu que lhe faltava: aprova-rainha. Para trás ficaram 676 jogos por clubes ,32 internacio­nalizações e um recorde que será difícil bater.

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Em maio, Quim festejou a conquista da Taça de Portugal pelo Aves

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