O Jogo

“João Sousa tem de ser mais regular”

O tio e antigo treinador de Rafael Nadal continua a acompanhar o mundo do ténis e enaltece aquele que se tornou o melhor português de todos os tempos

- MANUEL PEREZ TONI NADAL

Toni Nadal, de 57 anos, foi, durante os últimos 27 – até ao final da época passada – treinador do número um do ténis mundial. A bemsucedid­a ligação com o sobrinho Rafael leva-o a ser o técnico mais titulado

Toni Nadal fez uma visita-relâmpago ao Porto, onde participou num formação de treinadore­s levada a cabo pela Global Profession­al Tennis Coach Associatio­n (GPTCA). Num pequeno intervalo, confirmou a O JOGO ser um ótimo comunicado­r. Quanto tempo teremos de esperar até surgir outro Rafael Nadal? —Não é fácil prever. Estamos a falar de alguém que conquistou 17 títulos do Grand Slam, quatro Taças Davis, uns Jogos Olímpicos... Mas, como os recordes foram feitos para serem batidos, pode ser que apareça alguém a fazer, pelo menos, algo parecido. Qual a sua quota-parte nos êxitos do Rafa? —Não pode ser considerad­a muito grande! Na formação dele como tenista, isso sim, tenho a minha quota-parte, mas depois quem foi capaz de conquistar os títulos foi sempre ele. E os mais extraordin­ários dos recordes são, para já, os 11 títulos em Roland Garros, difíceis de igualar nos próximos (longos) tempos... —No passado também me parecia impossível alguém ganhar Roland Garros dez vezes. Mas se o Rafael o voltou a fazer e já levantou onze vezes a taça em Paris, só me resta dizer que isso é possível, faltando, contudo, saber quando e quem o fará. Para além da família [três filhos], do projeto com a GPTCA e da academia em Manacor (Maiorca), ainda lhe sobra tempo? —Não sobra lá muito! Mas, participo, por exemplo, em conferênci­as para as quais sou convidado e me obrigam a viajar por Espanha. Enquanto o Toni foi treinador do Rafael, o João Sousa chegou a participar em algumas pré-temporadas. Que nível tem o melhor tenista português de todos os tempos? —Creio que, quando joga bem, tem nível de top 30. Digo isto ao verificar que possui uma intensidad­e muito alta no seu jogo e creio que, quando joga bem, o João é um rival muito perigoso. Existe algum aspeto que o João Sousa necessite trabalhar mais? —Cada jogador tem as suas caracterís­ticas, mas também as suas limitações. No caso do João, estamos perante um muito bom jogador que, repito, quando joga bem é muito perigoso. Só que tem de ser mais regular, principalm­ente por causa dessa forma tão intensa que coloca, quer no treino quer na competição. O treinador, Frederico Marques, de 31 anos,éom ais novo técnico de um top 50. Não há idade para se ser um bom treinador? —Quando se é jovem, mas com uma personalid­ade forte, estabelece-se uma relação mais próxima com o atleta. Há mais coisas em comum, mais assuntos para abordar, mais conversas para partilhar. Tudo isto no ténis é muito importante, pois passa-se muitas horas juntos, muitos dias, e é proveitoso ser jovem e bom treinador.

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