CARDOSO DIZ SER VÍTIMA “POLÍTICA”
Português foi suspenso há um ano por caso de EPO que deu negativo na contra-análise. Não tem dinheiro para se defender
“Isto já não é um caso de doping, parece mais ser política. A UCI sabe que não sou uma estrela, que não sou milionário nem tenho dinheiro para lutar” “Eles não querem dizer que o laboratório cometeu um erro. É mais fácil tirar-me do desporto” “Vieram à noite e poderia nem abrir a porta. Fi-lo por ser honesto” André Cardoso Ex-ciclista da Trek
Depois de um ano de silêncio, André Cardoso falou finalmente no caso de EPO que lhe arruinou a carreira. A UCI considerou a contra-análise que o iliba “atípica” e o gondomarense está perto de se render
Durante um ano, André Cardoso fugiu dos jornalistas, negando-se a abordar um dos casos de doping mais estranhos da história: acusando EPOn um teste-surpresa efetuado a 18 de junho, quando se preparava para a Volta a França, onde seria um dos principais auxiliares de Alberto Contador na Trek-Segafredo, teve um resultado negativo na contra-análise, efetuada em agosto. Ao invés de o ilibar, como aconteceu no atletismo com Bernard Lagat, em 2003, a União Ciclista Internacional (UCI) preferiu considerar que o resultado da amostra Bera“atípico ”. Eacarr eirado gondomarense, que entretanto se transformou em guia turístico de ciclistas, ficou no limbo desde esse dia.
“Isto já não é um caso de doping, parece mais ser política. A UCI sabe que não sou uma estrela, não sou um milionário. Não tenho dinheiro para lutar. Eles não querem dizer que o laboratório cometeu um erro, é mais fácil tirarem-me do desporto”, diz agora Cardoso, em entrevista ao “Velonews”. Tendo gasto cinco mil euros só para iniciar a sua defesa, sabe que apenas lhe resta apelar para o Tribunal Arbitral do Desporto. “Não tenho dinheiro para isso – já gastei tudo no caso. Quando vejo a UCI lutar contra mim com cinco especialistas e um grande advogado, sei que isso é mau sinal”, reconhece.
Um médico já justificou o positivo com uma “desordem metabólica”, mas a UCI responde com a “degradação da EPO entre as duas amostras”. O caso pode morrer por aqui, com Cardoso a admitir: “É mais fácil pensarem que sou maluco, pois já ninguém toma EPO; quando era ciclista, pensava assim.” E o outro sinal da sua inocência também ficou esquecido: a hora prevista para análises-surpresa era entre as oito e as nove horas matinais, mas as brigadas foram à sua casa às 20h15. “Se tivesse tomado alguma coisa, iria abrir a porta fora do horário do teste? Fi-lo por ser honesto. Sempre abri a porta”, explicou.