“Ter competição diária nos EUA fez-me crescer”
Marta Pen revelou que já é profissional a tempo inteiro e que nas próximas épocas irá correr mais em Portugal e na Europa. Depois de vencer na Maia, tentará hoje o título nacional
Marta Pen, pelas vitórias e tempos que tem obtido, promete ser uma das figuras do Nacional que se disputa este fim de semana em Leiria. Determinada, promete muito para hoje e para o futuro
São muitas vitórias, abrilhantadas com recordes pessoais, nos Estados Unidos e na Europa, a fazer de Marta Pen a atleta do momento. A benfiquistaconversoucomOJOGO sobre o que pretende para agora e para o futuro.
A que se deve esta sequência da bons resultados?
—As coisas estão a correr bem, felizmente. É muito importante estarmos equilibrados e felizes.DepoisdosJogosOlímpicos houve alguns barulhos que me afetaram. Questões de reconhecimento, coisas fora da minha paixão e que começaram a influenciar-me, que mexeram comigo. Estes dois anos foram necessários para pensar e concentrar-me naquilo que é importante.
O que lhe permitiu ultrapassar essa fase?
—Tenho uma equipa muito boa. Um bom treinador nos EstadosUnidoseumaboatreinadora em Portugal, a Ana Oliveira, que faz a gestão da minha carreira e me tem acompanhado estes anos todos. É ótimo saber que tenho seu o apoio incondicional. Em vez de correr para provar a muitas pessoas que estavam erradas, comecei a correr para provar o meu valor às pessoas que estavam certas.
E que mudanças concretas surgiram daí?
—Provei ao meu namorado, que foi para os Estados Unidos para estar comigo, que estava certa. Provei à minha família e aos meus treinadores que estavam certos. É melhor corrermos motivados por paixão do que por sensações negativas.
As épocas de inverno nos Estados Unidos têm sido importantes na evolução?
—Sem dúvida. Lá sou desafiada diariamente e gosto muito de o ser. A pista tem 400 metros aqui e lá, mas é uma questão de mentalidade. O facto de estar num sítio em que o atletismo é tão competitivo fazme perceber que não posso vacilar; se o fizer, se pensar que já fiz o suficiente, alguém me vai ultrapassar e fazer melhor. Os atletas em Portugal pensam que depois de fazerem alguma coisa de jeito, já não vale apostar tanto nos treinos. Isso é mentira. Vai sempre custar e cada vez se vai correr mais rápido. Ter competição diária faz crescer.
A Marta vai continuar a ser assim no futuro?
—Não, vou passar muito mais tempo em Portugal. A pista coberta é melhor na Europa e vou apostar a sério na próxima época. Como estava nos Estados Unidos a estudar, havia coisas que não podia fazer na Europa.
Vai passar cá o próximo inverno?...
—O inverno será nos Estados Unidos, mas de janeiro a março estarei cá. A época competitiva de pista coberta será na Europa e a de preparação nos Estados Unidos.
A um mês de um Europeu
em que deverá ser uma das figuras da Seleção Nacional, como prevê a sua prova?
—Pressão há sempre e é excelente. Tenho medo de falhar as expectativas, mas sou exigente e quem fica mais chateada quando não corre bem, acabo porsereu.NoúltimoEuropeu, fui quinta, mas foi um campeonatoemanodeJogosOlímpicos e não estiveram todas as atletas, o que não acontecerá agora. Será mais difícil. Não fiquei satisfeita na altura e tenho vivido com essa insatisfação estes anos. Quero passar a eliminatória, ninguém luta por medalhas se não o conseguir. Vou levar a calma que tenho aprendido este ano até à final e depois vê-se.
“Depois dos Jogos Olímpicos houve alguns barulhos que me afetaram. Questões de reconhecimento”
“É melhor corrermos motivados por paixão do que por sensações negativas”
“Acabei os meus cursos e pela primeira vez vou dedicar-me inteiramente ao atletismo”
Marta Pen
Benfica