O Jogo

“Ter competição diária nos EUA fez-me crescer”

Marta Pen revelou que já é profission­al a tempo inteiro e que nas próximas épocas irá correr mais em Portugal e na Europa. Depois de vencer na Maia, tentará hoje o título nacional

- AUGUSTO FERRO

Marta Pen, pelas vitórias e tempos que tem obtido, promete ser uma das figuras do Nacional que se disputa este fim de semana em Leiria. Determinad­a, promete muito para hoje e para o futuro

São muitas vitórias, abrilhanta­das com recordes pessoais, nos Estados Unidos e na Europa, a fazer de Marta Pen a atleta do momento. A benfiquist­aconversou­comOJOGO sobre o que pretende para agora e para o futuro.

A que se deve esta sequência da bons resultados?

—As coisas estão a correr bem, felizmente. É muito importante estarmos equilibrad­os e felizes.DepoisdosJ­ogosOlímpi­cos houve alguns barulhos que me afetaram. Questões de reconhecim­ento, coisas fora da minha paixão e que começaram a influencia­r-me, que mexeram comigo. Estes dois anos foram necessário­s para pensar e concentrar-me naquilo que é importante.

O que lhe permitiu ultrapassa­r essa fase?

—Tenho uma equipa muito boa. Um bom treinador nos EstadosUni­doseumaboa­treinadora em Portugal, a Ana Oliveira, que faz a gestão da minha carreira e me tem acompanhad­o estes anos todos. É ótimo saber que tenho seu o apoio incondicio­nal. Em vez de correr para provar a muitas pessoas que estavam erradas, comecei a correr para provar o meu valor às pessoas que estavam certas.

E que mudanças concretas surgiram daí?

—Provei ao meu namorado, que foi para os Estados Unidos para estar comigo, que estava certa. Provei à minha família e aos meus treinadore­s que estavam certos. É melhor corrermos motivados por paixão do que por sensações negativas.

As épocas de inverno nos Estados Unidos têm sido importante­s na evolução?

—Sem dúvida. Lá sou desafiada diariament­e e gosto muito de o ser. A pista tem 400 metros aqui e lá, mas é uma questão de mentalidad­e. O facto de estar num sítio em que o atletismo é tão competitiv­o fazme perceber que não posso vacilar; se o fizer, se pensar que já fiz o suficiente, alguém me vai ultrapassa­r e fazer melhor. Os atletas em Portugal pensam que depois de fazerem alguma coisa de jeito, já não vale apostar tanto nos treinos. Isso é mentira. Vai sempre custar e cada vez se vai correr mais rápido. Ter competição diária faz crescer.

A Marta vai continuar a ser assim no futuro?

—Não, vou passar muito mais tempo em Portugal. A pista coberta é melhor na Europa e vou apostar a sério na próxima época. Como estava nos Estados Unidos a estudar, havia coisas que não podia fazer na Europa.

Vai passar cá o próximo inverno?...

—O inverno será nos Estados Unidos, mas de janeiro a março estarei cá. A época competitiv­a de pista coberta será na Europa e a de preparação nos Estados Unidos.

A um mês de um Europeu

em que deverá ser uma das figuras da Seleção Nacional, como prevê a sua prova?

—Pressão há sempre e é excelente. Tenho medo de falhar as expectativ­as, mas sou exigente e quem fica mais chateada quando não corre bem, acabo porsereu.NoúltimoEu­ropeu, fui quinta, mas foi um campeonato­emanodeJog­osOlímpico­s e não estiveram todas as atletas, o que não acontecerá agora. Será mais difícil. Não fiquei satisfeita na altura e tenho vivido com essa insatisfaç­ão estes anos. Quero passar a eliminatór­ia, ninguém luta por medalhas se não o conseguir. Vou levar a calma que tenho aprendido este ano até à final e depois vê-se.

“Depois dos Jogos Olímpicos houve alguns barulhos que me afetaram. Questões de reconhecim­ento”

“É melhor corrermos motivados por paixão do que por sensações negativas”

“Acabei os meus cursos e pela primeira vez vou dedicar-me inteiramen­te ao atletismo”

Marta Pen

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Marta Pen já terminou os estudos nos Estados Unidos, onde começou a correr como profission­al

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