BAS DOST É O ALVO QUE FALTA
Sousa Cintra insiste no holandês, mas dá Gelson e Battaglia por perdidos
Em conversa com O JOGO, Raul Cabral, que treinou o extremo no Avaí, garantiu que o impacto na equipa de José Peseiro é “natural” para um talento que “está destinado a brilhar” em grandes clubes da Europa
Assumindo-se como um caso à parte na realidade e cultura brasileiras, o Rio Grande do Sul tem orgulho de ser conhecido por a “Suíça do Brasil” e até reclama a sua independência do resto do país. Nascido em Porto Alegre, capital desse estado, Raphinha temse sentido como peixe na água na cénica paisagem de Nyon, entre montanhas e o lago Leman. O Minuano, vento de origem polar que varre as planícies do Sul do Brasil, é um dos culpados por arrefecer o clima e o coração dos gaúchos, mas o reforço dos leões “recupera” as características mais brasileiras através da música: o pai de Raphinha, contabilista, é vocalista de pagode nas horas vagas e transmitiu essa paixão ao filho.
Em Baulmes, no duelo frente ao Neuchâtel, Raphinha justificou o estatuto de grande atração para os adeptos sportinguistas com nós cegos, arrancadas estonteantes e uma “jinga” muito própria de quem aprendeu a driblar adversários ao ritmo enleante da combinação de violão, do pandeiro e do tantã. Os aplausos e gritos de incentivo emocionaram o reforço (ver peça em baixo) e a sua ascensão na hierarquia do plantel vem ao encontro do potencial brilhante que lhe reconheciam no Avaí, clube onde brilhou antes de dar o salto para Guimarães e, posteriormente, para a exigente realidade de Alvalade.
Em conversa com O JOGO, Raul Cabral, que orientou Raphinha no emblema de Florianópolis, lamentou a venda precoce de um talento que, na sua opinião, está destinado a brilhar com a camisola de um dos gigantes do Velho Continente. “Não fico nada surpreso com a evolução dele. Se conseguir manter essa ‘batida’, acredito que vai ser negociado com um gigante europeu. É um extremo que tem muita facilidade em marcar golos, o que é raro nos dias de hoje”, avaliou. Os golos, para já, têm sido reservados para as balizas do Estádio Colovray durante os treinos, mas, hoje, já há quem vá a França com esperança de gritar o primeiro golo do reforço.