O Jogo

O JOGO QUE TODOS ODEIAM DISPUTAR

DESPEDIDA Bélgica e Inglaterra definem hoje quem chora menos no adeus à Rússia, após terem falhado a final

- HUGO SOUSA SÉRGIO ANDRÉ

Ao lamento por ficarem fora da final, Bélgica e Inglaterra juntam o castigo de terem de disputar o jogo que não interessa a ninguém, exceto à FIFA, que continua sem abdicar da tradição de definir um terceiro lugar, em jeito de consolo que mais parece um desconsolo. “É um jogo que ninguém quer jogar”, resume a O JOGO Ricardo, o ex-guardarede­s que em 2006 se viu em tarefa semelhante quando Portugal enfrentou a Alemanha com o mesmo objetivo. “Quando seé eliminado numa meia-final, estamos ali a fazer o quê?”, interroga-se. “Isso não existe no Campeonato da Europa. E não tem jeito nenhum, apesar do orgulho de jogar pela seleção.” Mas, por ironia, este Bélgica-Inglaterra sem interesse até parece desenhado de propósito para Ricardo. “Não estou nada de acordo com os finalistas; por mim, eles seriam a Bélgica, que foi a melhor equipa, e a Inglaterra, esta por paixão pessoal, embora os croatas tenham sido mais fortes”, diz.

Gareth Southgate e Roberto Martínez, os selecionad­ores, tinham ontem algumas dúvidas sobre o onze a apresentar. E a tarefa que lhes cabe não é fácil. “Scolari conseguiu unir de novo o grupo em torno de um outro grande objetivo. De- pois as coisas não nos correram bem”, lembra Ricardo Costa, central do Tondela que também disputou esse jogo de 2006 com os alemães. “Os dois primeiros dias depois de sermos eliminados nas meias-finais são insuportáv­eis”, admite, deduzindo o estado de espírito de Harry Kane, Hazard e companhia. “Após uma derrota nas meias-finais, há aquela sensação de ‘quem me dera ir embora já’ para esquecer o mais rapidament­e possível”, acrescenta Quim, que ficou no banco em 2006. Aguentar até ao tal jogo é muito duro. Apesar de catalogar o compromiss­o como “ingrato”, Ricardo Costa acha que a Bélgica “pode surpreende­r” esta tarde porque, “além individual­idades, tem um coletivo mais forte”.

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