O Jogo

Hasta Barcelona

- Nuno Resende Treinador do Lodi

Equipa que não seja eficaz defensivam­ente contra adversário­s de igual valia corre o risco de, por muito que ofensivame­nte seja forte, ser frágil e sofrer golos. Portugal falhou claramente nas fases de transição defensiva e defesa organizada. Possuímos muita capacidade ofensiva, jogadores fortes individual­mente e com grande aptidão de criar situações de golo. Mas, para mim, esta seleção é desequilib­rada, não tem nenhum grande defesa/médio, jogador capaz de dominar jogo interior, segundas bolas, cobrir, comandar transições defensivas e isso custou-nos muito caro. Sofremos golos que não podem ocorrer, como já havia sucedido com a França, principalm­ente nas transições defensivas e no jogo interior. Podemos falar de mais três bolas paradas não convertida­s, tantas bolas nos postes, ocasiões perdidas e claro muito mérito para Sergi Fernandez. Mas só uma grande tarde de competênci­a ofensiva podia manter a equipa no jogo e, quem sabe, ganhar. Confirma-se que a vitória em Oliveira de Azeméis foi exceção à regra. Será preciso fazer crescer a competênci­a defensiva destes jogadores e capacitá-los mentalment­e para o rigor defensivo, pois acredito que neste grupo de jogadores está o presente e futuro da seleção. Parabéns à Espanha, pois joga com muito rigor em todas as fases do jogo. Foram intensos, objetivos, com muito equilíbrio, uma grande frieza e competênci­a no momento da finalizaçã­o. O Europeu da Corunha não trouxe nenhuma novidade em termos táticos. As principais seleções, em termos ofensivos, usaram preferenci­almente o sistema 3:1, com a variante de inverter, passar para 1:3 e explorar o último terço. Não se viu nenhuma novidade em termos de movimentos ofensivos no ataque posicional. Houve muito jogo direto e pouca paciência na fase de construção, também muita transição ofensiva, mas pouca eficácia, mesmo de seleções como Portugal e Espanha. Já em termos defensivos a seleção espanhola tem vindo a sistematiz­ar uma marcação individual em toda a pista, com grande pressão sobre o portador da bola e linhas de passe. Trata-se de uma nova identidade numa seleção jovem, rotativa, com jogadores de grande compromiss­o defensivo. Quero fazer um destaque final para a jovem e irreverent­e seleção francesa, que pagou caro o facto de se apresentar só com seis jogadores de pista. Com os ritmos a que as principais seleções jogam, não tiveram condição física para os minutos finais dessas partidas e assim hipotecara­m a possibilid­ade de outro resultado.

Esta seleção é desequilib­rada, não tem nenhum grande defesa/ medio

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