O Jogo

João Moutinho muda-se para Wolverhamp­ton

Jardim já vendeu 720 M€ no Mónaco

- CARLOS ALBERTO FERNANDES

Médio português é esperado esta terça-feira para realizar exames médicos. Prepara-se para integrar um grupo onde se encontram outros oito lusos, incluindo o técnico

Aos 31 anos, João Moutinho prepara-se para trocar a liga francesa pela inglesa, rubricando um contrato com o Wolverhamp­ton que deverá ter a duração de dois anos. Segundo os média britânicos, o negócio irá realizar-se por cerca de 6 milhões de euros e surpreende­u pela discrição com que foi conduzido.

Um pouco à imagem do que sucedeu há cinco anos, quando saiu do FC Porto para ingressar no Mónaco – numa transferên­cia que rendeu cerca de 20 M€ –, o médio coloca as fichas num clube que regressa ao escalão principal, disposto a investir e a causar impacto. O poderio dos adversário­s em Inglaterra é claramente superior, mas existe o conforto “familiar” a facilitar a adaptação, com um grupo onde se incluem mais oito portuguese­s. Já foi colega de equipa de quatro deles: Rui Patrício (no Sporting), Hélder Costa, Ivan Cavaleiro e Rúben Vinagre (no Mónaco). Na Seleção, chegou a fazer dupla com Rúben Neves – algo que se prefigura para o onze de Nuno Espírito Santo. Aconteceu apenas uma vez, em março, quando Portugal defrontou o Egito (2-1), num encontro de preparação para o Mundial.

Em Wolverhamp­ton, este cresciment­o do clã luso não parece inquietar os adeptos e os média locais. Pelo contrário, o “Express and Star”, por exemplo, escreve que “depois de Rui Patrício, a fasquia de qualidade continua a subir”, tecendo elogios a uma contrataçã­o por “excelente preço” e uma estratégia articulada com Jorge Mendes que permitiu revitaliza­r o clube e praticar um futebol “como não se via há décadas” no histórico emblema das West Midlands. Aliás, no Estádio Moulineux é frequentev­erem-sebandeira­s portuguesa­s, e a expectativ­a é que, depois de Moutinho, possam chegar outros, como André Silva, André Gomes ou João Mário, todos já aventados como possíveis reforços.

Curiosamen­te, João Moutinho transferiu-se do Sporting para o FC Porto poucos meses depois de NES pôr fim à sua carreira no Dragão, mas chegou a marcar, de penálti, ao então guarda-redes portista, em outubro de 2008, num clássico em Alvalade que sorriu aos nortenhos (1-2).

Após o tricampeon­ato no FC Porto, foi, no Mónaco, o pioneiro do contingent­e português, chegando ao clube do principado ainda com Claudio Ranieri, em 2013, com quem seria vice-campeão, sendo depois um dos elementos nucleares da formação de Leonardo Jardim em quatro temporadas onde acompanhou e viu despontar uma série de talentos, entre os quais Mbappé e Bernardo Silva. A sua saída debilita o conjunto

Carlos Queiroz, então selecionad­or nacional, riscou João Moutinho das suas opções no Mundial’2010

de Leonardo Jardim, mas não surpreende se se considerar o ideário monegasco como clube de desenvolvi­mento de jovens jogadores com potencial.

Nestas quatro temporadas, o clube do principado encaixou mais de 700 M€ com a venda de jogadores – entre os quais se incluem ainda futuros adversário­s na Premier League como Martial, Bakayoko, Mendy, Kongolo, Fabinho e o próprio Bernardo Silva. Nenhum outro clube se aproximou deste volume de faturação (ver quadro). A saída de Moutinho é um contributo pouco significat­ivo para este encaixe financeiro singular no futebol europeu nos últimos quatro anos, mas a qualidade e personalid­ade do médio formado no Sporting foi um precioso auxiliar de Leonardo Jardim, numa ligação consagrada com o título francês em 2016/17. Ficou a apenas nove jogos de fazer, no Mónaco, os 228 desafios realizados pelo Sporting, destacando-se mais pelas assistênci­as (39) do que pelas finalizaçõ­es (11) nos “príncipes”.

Campeão europeu, João Moutinho alcançou entretanto o terceiro lugar como jogador com mais internacio­nalizações­pelaequipa­dasQuinas, apenas superado pelos Bolas de Ouro Luís Figo e Cristiano Ronaldo, o que traduz o seu peso e influência desde a sua estreia, há quase 13 anos, com Luiz Felipe Scolari, com exceção do desapontam­ento com a ausência do Mundial’2010, com Carlos Queiroz.

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