O Jogo

BURA: DA DISTRITAL À I LIGA EM DOIS ANOS

Emiliano Tê acreditou no médio, António Gouveia deixou-se maravilhar e António Pereira aprecia-lhe a humildade. Todos dizem que há aqui talento

- JOÃO MAIA

Jogador contratado ao Oriental – prestou provas no Benfica – voou da Guiné até Portugal, em 2016, para jogar n’Os Vilanovens­es, da AF Guarda. Chegado ao Aves, foi titular nos cinco jogos de preparação

Jorge Braíma Nogueira, ou Bura, como é conhecido no futebol, é um dos cinco reforços do Aves e foi titular em todos os jogos da pré-época. O médio jogava há duas temporadas no distrital de Guarda e na época passada brilhou no Oriental, no Campeonato de Portugal, ao ser o melhor marcador dos lisboetas, com oito golos em 30 jogos. Nascido em Nhacra, cidade a 30 quilómetro­s de Bissau, capital da Guiné, e originário de uma família de poucas posses, Bura teve em Emiliano Tê, antigo jogador de clubes como Leiria, o grande impulsiona­dor da ainda curta carreira. “Vi um treino dele quando ele era júnior do Estrela Negra de Bissau, porque o meu irmão era o treinador, e fiquei encantado. Mais tarde vi-o a jogar no Benfica e Bissau. Era uma coisa fenomenal. Jogava muito fosse a 6 ou a 8; até a central podia jogar”, conta o amigo, que é como um irmão para o guineense.

Depois disso, Emiliano trouxe Bura para Portugal em 2016 e o atleta chegou a fazer testes no Benfica, mas a “adaptação não correu bem”. Seguiram-se provas no Oriental, mas os lisboetas não tinham dinheiro para pagar o certificad­o internacio­nal. Foi então que Emiliano Tê decidiu apostar ainda mais em Bura. “Tinhau ma migon’ Os Vilanovens­es, pedi para ele ficar com o Bura e paguei o certificad­o internacio­nal”, conta. No emblema da AF Guarda, Bura brilhou. “Quando ele treinou, vi logo que tinha ali uma vedeta. No último jogo da época, disse ao intervalo que o jogo não era Os Vilanovens­es-Vilar Formoso, mas sim o Bura contra o Vilar Formoso”, recorda.

Na época seguinte, o Oriental voltou a entrar no radar do médio. “Insisti com António Pereira, treinador do Oriental, para que ficassem com o Bura. Ele só treinou uma vez e cou...”, lembra Emiliano.

Sobre o guineense, António Pereira também tem palavras elogiosas. “Foi o nosso melhor marcador e isso diz muito sobre um médio. É humilde, disciplina­do taticament­e e forte no jogo aéreo”, define. Pelos sinais do defeso, também José Mota parece estar a gostar do jovem...

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Bura nasceu na Guiné-Bissau, falhou nos testes na Luz e chega agora à Liga

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