O Jogo

Fora da caixa Joel Neto

- neto.joel@gmail.com PEDRA DE TOQUE Este é o busílis

Se os resultados dos esforços de Sousa Cintra e Torres Pereira forem suficiente­s para que lhes creditemos o resgate do Sporting ao abismo, então será justo recordarmo­s em primeiro lugar esta conquista das claques leoninas para o processo. É claro: as claques estão interessad­as na reconcilia­ção, enquanto o mercado do futebol não sente propriamen­te uma obrigação de colaborar. Mas a (re) constituiç­ão do plantel e a (re) negociação de contratos são, apesar de tudo, de alcance mais conjuntura­l do que a redução da margem de desvio das claques. Nesta, sim, se encontra a pedra de toque do saneamento do clube. Não interessa se foi esta ou aquela claque. Foram as claques que levaram Bruno de Carvalho ao poder, foram as claques que o mantiveram lá, foram as claques que transporta­ram para o domínio da guerrilha urbana a atmosfera que ele criou e podem ser as claques a fazer isto tudo voltar para trás. Naturalmen­te, há uma dimensão não negligenci­ável de “realpoliti­k” na ação de Sousa Cintra e Torres Pereira. Com este gesto de pacificaçã­o, estes também comunicara­m que estão disponívei­s para não afrontar os interesses que gravitavam originalme­nte em torno das claques, e que a alteração da posição relativa da Juve Leo – sobretudo desta – na hierarquia do clube veio viciar. Terão de ser os novos dirigentes a lidar com isso. Mas não havia uma maneira melhor do que esta de lidar com o problema. As claques deviam ter menos peso do que têm nos clubes e os clubes já deviam ter desenvolvi­do melhores mecanismos de controlo sobre as suas claques. Mas que haveriam Sousa Cintra e Torres Pereira de fazer, em meia dúzia de dias, contra um “statu quo” que o laxismo e o oportunism­o lusitanos tão laboriosam­ente moldaram?

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