O Jogo

Neste Vitória não haverá pontapé para a frente

- Pontapé para a clínica José João Torrinha

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Um amigo meu costuma dizer que não gosta de futebol. Gosta é do Vitória. Não irei tão longe. Mas verdade é que as saudades de ver o Vitorinha jogar já eram mais que muitas e nem horas e tardes e noites de Mundial na Rússia serviram de remédio contra esse mal. Quando a questão chega ao Vitória, estamos a falar de outra coisa.

Foi ótimo, por isso, há oito dias ter tratado dessas saudades. Dos sete mil nas bancadas num domingo de manhã já nem vale a pena falar. Aquilo que em quase todos os clubes seria um feito de relevo, no Vitória é apenas mais um dia no escritório.

Vale mais a pena, sim, falar das primeiras impressões. Primeiro, as coletivas. A mudança de paradigma está aí, para quem a quiser ver. Neste Vitória não haverá jogo direto, pontapé para a frente, chutões e coisas do género. Haverá posse de bola, trocas de bola, paciência e tentativa de controlo do jogo. Confesso que tenho as minhas reservas quanto a este sistema. Não apenas pelo jogo em si, mas sobretudo porque tenho dúvidas do sucesso de um sistema implementa­do por intérprete­s que, sendo bons jogadores, não são os melhores do mundo. Às vezes, uma boa ideia é estragada porque falha um dos elos na cadeia. Esperemos que não seja assim.

Individual­mente, para além dos destaques óbvios de Tyler Boyd, que partiu a loiça toda, da influência evidente e expectável de André, da forma física invejável e qualidade técnica de Davidson, deixem-me destacar a excelente impressão que me deixou Joseph, a mostrar a sua classe no meio-campo e a provocar um arrepio na espinha daqueles que viram jogar N’Dinga por aquelas paragens há umas décadas atrás.

O resultado, sendo o que menos conta (mas conta), podia ter sido mais folgado e só não foi porque se cometeram dois erros que são daqueles para serem cometidos agora.

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Já na quinta-feira, pudemos assistir a mais uma excelente apresentaç­ão do plantel no coração do nosso centro histórico. Um ótimo espetáculo, muito bem organizado, onde estiveram mais uns milhares. Os vitorianos tiveram direito a uma surpresa e meia: a apresentaç­ão de João Carlos Teixeira e o anúncio da vinda de Dodô. Do primeiro, tenho as maiores expectativ­as, esperando que ele finalmente solte na sua plenitude toda a qualidade que se sabe que ele tem e que ele também sabe ter. Quanto ao segundo, só conheço os dados do seu percurso e pouco ou nada mais. Acima de tudo, a sua chegada parece revelar que as dúvidas que muitos vitorianos tinham para aquela posição eram afinal partilhada­s por Luís Castro. Mas mais do que as surpresas, foi importante constatar que o Vitória fez o trabalho de casa. A estrutura-base do plantel está feita e a trabalhar. E isto vai permitir que, daqui até 31 de agosto, com a tranquilid­ade de quem já fez muito, o Vitória possa, se assim se proporcion­ar, retocar aqui ou ali; aproveitar um bom negócio, mas tudo sem a pistola apontada à nossa cabeça. Ou seja, como tudo deve ser.

As saudades de ver o Vitorinha jogar já eram mais do que muitas e nem horas e tardes e noites de Mundial serviram de remédio contra esse mal”

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