O Jogo

HUGO ALMEIDA “Se não me sentir bem, acabamos”

- PEDRO ROCHA

Habituado a desafios elevados e nas mais diversas latitudes, Hugo Almeida aposta num final de época festivo ao serviço da Académica. Desta vez, trocou o dinheiro por uma causa que considera justa

Enorme, de cabelo puxado para trás à força do gel e com tatuagens para todos os gostos, todas relacionad­as com a família, Hugo Almeida é uma personagem inconfundí­vel. Sendo o trunfo maior da Académica para a nova época, o avançado, agora com 34 anos, não faz a coisa por menos: é para subir, de vez.

Também se sente um jovem de 23 anos, como Cristiano

Ronaldo?

—Julgo que o Cristiano deve sentir-se mais jovem do que eu. Ele não é um ser humano, é uma máquina. É um caso à parte, pois considera todos os aspetos do corpo, mas eu sinto-me bem. Estou perfeitame­nte bem.

Acha que vai ter uma época menos desgastant­e na II Liga do que teve nos últimos anos?

—Pelo contrário. A II Liga é muito exigente e mais competitiv­a. É um campeonato com mais equipas e, por isso, envolve mais jogos.

A Académica tem vários “trintões” no plantel, nomeadamen­te Peçanha (38), William Soares (33), Nélson Pedroso (33), Zé Castro (35), Fernando Alexandre (32) e Marinho (35). O peso da idade será uma vantagem ou um “handicap”?

—É uma vantagem. Qualquer equipa precisa de ter jogadores com experiênci­a e maturidade, da mesma forma que precisa de ter juventude. O futuro são os jovens; os outros, mais ano, menos ano, vão acabando.Qualquer Mesmoassim,acho que as idades não passam de números, o que interessa é o rendimento de cada jogador. E uma boa equipa tem sempre jogadores mais velhos e outros mais novos.

A Académica tem esse

Quando se apresentou em Coimbra, Hugo Almeida contou ter recusado clubes da I Liga e do estrangeir­o, só para estar mais próximo da família (é natural da Figueira da Foz). O que faltava revelar é que o regresso a Portugal poderia ter acontecido há um par de anos, rumo a um dos três grandes. “Houve uma conversa com um desses clubes. Nada de concreto”, deixa escapar. Presente no Mundial do Brasil, o avançado já não entrou na convocatór­ia para o Europeu de França. “Não foi por causa do André Silva. Tinha de ser. Quando entrei na seleção, também saiu alguém”, filosofou.

“Conversei com um dos três grandes”

De personalid­ade forte, dispensa os serviços de “coaching”. “Motivo-me sozinho e não há nada melhor do que esse exercício”, garante

“O Ronaldo deve sentir-se mais jovem do que eu. Ele não é um ser humano, é uma máquina. É um caso à parte”

“Qualquer equipa precisa de ter jogadores com experiênci­a e maturidade, da mesma forma que precisa de juventude”

“Se no final da época sentir que não estou a ser eu e que não consigo dar o máximo, falo com as pessoas e acabamos”

ponto de equilíbrio?

—Ainda não deu para perceber isso. Tenho feito treinos específico­s, à parte do grupo, para resolver algumas questões físicas. Estava parado há quase dois meses, desde 24 de maio. Férias são férias e eu não sou exceção nessa matéria.

Quantos quilos ainda tem de abater?

—Não há metas definidas, nem sigo muito o que dizem os livros. O que interessa é sentirme bem. Julgo que terei de perder uns dois ou três quilos.

A Académica parte da primeira linha na grelha de partida para a corrida à subida de divisão, ao lado do Paços de Ferreira?

—Na época anterior, o Académica esteve quase a subir e, infelizmen­te, não conseguiu. Temos de nos assumir como favoritos. A nossa ambição é alcançar a I Liga. Poucas equipas em Portugal têm condições como a Académica. Merece estar no principal campeonato português. É o meu maior desejo.

Só vai pensar no fim da carreira dentro de dois anos, quando terminar o vínculo com a Académica?

—Não vim para a Académica por dinheiro. Gosto deste clube, faz-me feliz. Se no final da época sentir que não estou a ser eu e que não consigo dar o máximo, falo com as pessoas e acabamos. Há um contrato específico no papel, mas se não der... cada um seguirá o seu caminho.

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