O Jogo

UM PLANO B QUE FOI INFALÍVEL

Com Froome suspenso, Geraint Thomas começou a ser preparado em dezembro para vencer a Volta a França. O líder da Sky afinal alinhou, mas o galês foi melhor

- CARLOS FLÓRIDO FREDERICO BÁRTOLO

Tem 32 anos e sempre lhe foi reconhecid­o talento para ganhar uma Grande Volta, mas era considerad­o “amaldiçoad­o” por cair em momentos decisivos. Temendo não ter Froome, a Sky mudou-lhe a sorte

Depois de sete triunfos em corridas de uma semana, nas quais vinha cimentando a fama de imbatível, Geraint Thomas festejou ontem, em Paris, a conquista da Volta a França, sucedendo ao colega e líder de sempre na Sky, Chris Froome. O primeiro galês de sempre a triunfar na Grand Boucle foi o melhor, mas além disso desviou-se das quedas coletivas, um detalhe que no seu caso era fundamenta­l: G, como é conhecido, caiu nos Jogos Olímpicos de 2016, duas vezes no Tour do ano passado, e também num Giro que teve de abandonar. Desta vez, e chegando com balanço da vitória do Critério do Dauphiné, viveu a situação inversa. Froome atrasou-se com uma queda logo no primeiro dia e rivais como Tom Dumoulin e Nairo Quintana também viveram azares, que levaram Vincenzo Nibali e Richie Porte a abandonar. Já Thomas ganhou duas etapas nos Alpes, somou 33 segundos em bonificaçõ­es e até abdicou do primeiro lugar no contrarrel­ógio final, ao desacelera­r nos últimos quilómetro­s. O corredor “perfeito”, por subir com os melhores, fazer bons “cronos” e ter uma ponta final temível, foi infalível como plano B de uma Sky que só na véspera do Tour teve Chris Froome autorizado a alinhar.

“Foi em dezembro que decidimos apontar a sua época para um pico em julho. Ele cumpriu na perfeição”, reve- lou Dave Brailsford, manager da Sky, à BBC, admitindo que apostar no azarado Geraint Thomas tinha um senão: “Pareceu-nos uma corrida muito longa, com os últimos dias no fio da navalha. Por isso, o final foi um clímax, tão emocionant­e.” A solução, face a esses temores, foi “manter o foco no

“Sou ciclista por causa desta corrida. Lembro-me de vir a correr da escola para ver as etapas. Estar aqui de amarelo é uma loucura”

Geraint Thomas

Team Sky “É uma emoção partilhar este pódio com o G. Somos colegas há 10 anos e estou orgulhoso por ele”

Chris Froome

Team Sky

Chris, enquanto o Geraint só tinha de fazer o seu trabalho; quando a pressão chegou, foi o Chris a acalmá-lo”.

Oferecendo o sexto triunfo à Sky em sete anos, Thomas manteve a tradição de uma corridadom­inadaporho­mens completos, em detrimento dos trepadores. Além dele, Dumoulin, Froome e Primoz Roglic superaram os mais leves Kruijswijk, Bardet, Landa, Martin, Zakarin e Quintana, que ocuparam entre quinto e décimo lugares. De diferente, em relação a um Froome que perdeu a oportunida­de de entrar duplamente para a história, com um quinto Tour no palmarés e quatro Grandes Voltas consecutiv­as, o galês terá a maneira de ser. “Se lhe dissessem agora que tinha de ir trabalhar para o Froome, ele fazia-o. É isso que o faz especial; é o tipo mais leal que já conheci”, comentou o compatriot­a Mark Cavendish.

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