O Jogo

A SEGUNDA PÁGINA DOURADA

O que têm em comum um taxista, uma avó, um jovem e um padre? São todos adeptos do Aves e acreditam noutra surpresa

- JOÃO MAIA

Clube retratou num documentár­io como foi o dia da conquista da Taça de Portugal para adeptos e equipa. O JOGO pegou em quatro personagen­s da película para perspetiva­rem a Supertaça

O que têm em comum um taxista, uma avó, um jovem adepto de futebol e um padre? Com esta ausência de mais pistas, o leitor deve estar a pensar que é impossível adivinhar. Todavia, dado que estas páginas são sobre o FC Porto-Aves, já deve ter deduzido que os quatro são adeptos de um dos clubes. Neste caso, o coração deste quarteto bate pelo Aves e bateu muito quando, a 20 de maio, o clube de uma pequena vila com 8500 habitantes logrou ganhar uma Taça de Portugal frente ao Sporting. Estas e outras emoções foram compactada­s em 50 minutos de um documentár­io intitulado “Aves rumo ao Jamor”. O JOGO esteve na antestreia do filme e pegou nestas quatro personagen­s da película para saber onde estarão e como irão viver hoje a Supertaça,uma nova página dourada na história do conjunto do concelho de Santo Tirso.

D.Ireneéa avó, a avó que não foi ao Jamor porque teve de ficar em casa a tomar conta do neto, enquanto a restante maioria da família fez-seàestrad anos mais de 60 autocarros que rumaram até Oeiras. É inevitável este texto balançar entre as memórias ainda frescas de 20 de maio com a antevisão do que poderá ser o encontro de hoje. A história de D. Irene vai-se repetir: ficará em casa, com o neto, enquanto o marido, o filho, a nora e outros familiares estarão em Aveiro. No entanto, aD. Irene não se importa. Ficará no sofá, de olhos colados à TV, vestida a rigor e com o neto a envergar também uma camisola do Aves. Na partida perante os leões, foram várias as vezes que o neto da D. Irene adormeceu e acordou. A causa foi nobre. “Sofro sempre quando o Aves está a jogar e o meu neto percebe. Quando digo “Aves”, ele já arregala os olhos”, diz, entre um riso inconfundí­vel que, aquando da antestreia do documentár­io, contagiou toda a sala presente no Centro Cultural da Vila das Aves. “Nunca pensei fazer tantas figuras a ver o jogo”, atira, com mais uma risada.

Otax is taéoSr.C ou to, que ficou a ouvir ore latod afinal no táxi, sem que tenha tido um cliente durante aqueles 90 minutos. Agora, a história será outra. “Vou a Aveiro, tenho de estar presente”, afirma com uma esperança renovada. “Continua a falar-se muito no FC Porto e pouco no Aves. Talvez haja outra vez uma surpresa...”, remata.

Para quem é leitor assíduo de O JOGO, o Padre Fernando Abreu não é uma personagem estranha para as páginas deste jornal. A paixão do sacerdote pelo Desportivo já é sobejament­e conhecida. Na mata adjacente ao Estádio Nacional não houve só comes e bebes. Também houve missa, dada pelo Padre Fernando, retratada no documentár­io feito pelo Aves que mostra, até, como antes da partida o pároco acomodou meticulosa­mente numa mala todos os instrument­os necessário­s para celebrar a eucaristia. Para estar logo em Aveiro, a missa vespertina terá outro padre a celebrá-la. “Vou de autocarro e pedi a um outro sacerdote que me celebre a missa vespertina. Se jogarmos como jogámos em casa com o FC Porto na época passada [empate a um], vamos ganhar”, dispara.

Por fim, “Chico”, como é conhecido entre os amigos, é um membro da Força Avense que, no dia mais importante da história do Aves, não conseguiu ver mais do que 30 minutos da partida. “Os últimos 15 já nem vi”, revela. Um motivo de força maior fará Chico faltar à Supertaça, mas a história seria di-

“Sofre sempre a ver o Aves. Nunca pensei fazer tantas figuras durante o jogo” D. Irene Adepta do Aves

“Continua a falar-se muito no FC Porto e pouco do Aves. Talvez haja outra surpresa” Sr. Couto Adepto do Aves

“Vou de autocarro e pedi a um outro sacerdote que me celebre a missa vespertina” Padre Fernando Abreu Adepto do Aves

ferente se estivéssem­os a falar da final do Jamor. “Tenho um casamento de um amigo pessoal e terei de ver o jogo na TV. Se fosse a final da Taça, abdicava do casamento... é diferente...”, denota.Em todos eles, houve uma emoção inesquecív­el vivida de maneira diferente há pouco mais de dois meses. Todos acham que hoje haverá mais motivos para sorrir. É a paixão pelo futebol e por um clube resumida ao longo de 90 minutos que talvez não se repitam tão cedo.

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