O Jogo

GILBERTO DUARTE “Barça é para ganhar a Champions”

- RUI GUIMARÃES

Ao quarto clube, Gilberto Duarte chegou ao Barcelona. Depois do Lagoa, onde começou, FC Porto e Wisla Plock, o meia distância vai representa­r o emblema que mais vezes ganhou a Liga dos Campeões: nove

Tornou-se o mais alto representa­ntedoandeb­olportuguê­s além-fronteiras e falou em exclusivo a O JOGO. Quando apareceu no FC Porto, há 11 anos, pensou que agora seria jogador do Barcelona? —Sonhava. Todos os jogadores sonham representa­r um clube destes, mas não pensava tão à frente, na altura pensava em pequenos passos. Sonhava com algum clube em especial? Algum país? —Tinha a Alemanha na cabeça e o clube era o Kiel. Agora mais a frio, o que significa estar no Barcelona? —Primeiro, significa que as pessoas acreditam que eu posso acrescenta­r alguma coisa à equipa, logo, estão a valorizar o meu trabalho. Além disso, significa motivação para crescer, para trabalhar e para ganhar o que eu mais desejo, a Champions. Em termos de clube, é o que sonho vencer. E essa camisola, do clube que mais vezes ganhou a Liga dos Campeões, pesa? —Vamos ver [risos]. Quando a vestir, no primeiro jogo oficial, logo verei o peso da camisola. Já lá esteve, para fazer exames médicos e na apresentaç­ão. O que lhe pareceu? —No primeiro dia, dos testes médicos, estive a dar uma volta e deu para perceber que é outro mundo, completame­nte diferente. Estou muito curioso para saber como é que tudo funciona. Esteve dois anos fora, no Wisla Plock, da Polónia. Em que é que melhorou? —Em Portugal, diziam que o meu problema era defensivo. No FC Porto defendia, porque o Obradovic não me deixava não defender, mas, quando cheguei lá, vi outra realidade. Comeceiaga­nharomeues­paço pela defesa e posso dizer que, após dois anos, melhorei bastante nesse aspeto. Até diziam que eu era um dos melhores defensores da equipa. Saiu do FC Porto como uma grande estrela e as pessoas gostavam da velocidade e

“Lá fora acham que o jogador português é ali do cantinho...”

“É uma honra e também uma oportunida­de para mostrar que os portuguese­s têm qualidade”, disse Gilberto, recordando que apenas Carlos Realista, nas modalidade­s (hóquei em patins), havia representa­do o Barça, para além de Alexis Borges, lusocubano, e João Rodrigues, que acabou de deixar o Benfica para se mudar para a Catalunha. “Fico contente se conseguir abrir mais portas para os jogadores portuguese­s. Quem sai tem de ter em mente essa responsabi­lidade”, continuou, lembrando que “lá fora acham que o jogador português é ali do cantinho, que não sabe jogar nada”.

dos remates poderosos. Foi um choque chegar a Plock e começar por defender? —Tinha a noção de que ia ser assim, que não ia chegar lá e ter o mesmo espaço. Sabia que ia ter de lutar, mas houve alturas em que fiquei um bocado frustrado por não poder demonstrar a minha qualidade. E até demorou um bocadinho, mas na parte final da primeira época a situação já tinha melhorado. De tal modo que foi o melhor marcador da equipa na Liga dos Campeões... —Sim, é verdade, mas tive alturas em que andei um bocado perdido em campo. O treinador tinha uma determinad­a política, que eu percebia, mas não concordava, porque fui para lá para jogar andebol e não queria estar a fazer apenas dez jogos por época, mas sim o máximo, e isso às vezes fazia-me perder a concentraç­ão e desviava-me do objetivo, mas depois encontrei-me. Agora, no Barcelona, vai voltar a mesma dificuldad­e, com a concorrênc­ia de jogadores de nível mundial. Como encara esse desafio? —Tenho um ano de contrato e nesse tempo vou aproveitar ao máximo, aprender com os colegas, o treinador, e toda agente,mas também vou lutar. Não vou chegar lá a pensar que eles são os maiores do mundo. É certo que são, mas vou querer competir com eles, estar ao nível deles e ajudar a equipa a atingir os objetivos. Vai ser interessan­te. De início, vou andar a ver como é que as coisas funcionam, mas depois vou faz e romeu trabalho.

“Quem sair tem de continuar a trabalhar e temos de meter mais portuguese­s no mundo do andebol. O Ferraz está a fazer isso na Alemanha, o Wilson em França, eu fiz na Polónia...” “Na Polónia, no segundo ano, éramos três lateraises­querdos e eu era o mais baixo e o mais leve. Mas também conta muito o andebol, não é só a altura e a força do remate. Ter andebol na cabeça, pensá-lo, é importante” “Na primeira vez que joguei contra o PSG, pelo Plock, passados três minutos de entrar fui ter com o Tiago [Rocha] e disse-lhe: ‘Tiago eu não consigo correr mais’”

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