O Jogo

Muitos graus de admiração

- Carlos Flórido

Parado numa área de serviço da autoestrad­a para arrefecer um carro que não aguentou os 45 graus alentejano­s e embalado pelos comentário­s no Twitter da Volta a Portugal, todos a pedir ou sugerir a anulação da etapa, dei comigo a pensar no Mundial de ciclismo que há dois anos se realizou no Catar e originou intensos cuidados e estudos sobre a forma de se aguentar uma corrida com temperatur­as acima dos 40 graus, incluindo banhos e coletes gelados. Não queria utilizar a palavra injusto, portanto vou escrever apenas que o mundo é por vezes irónico antes de concluir que tudo indicava, nos últimos dois dias, que não se devia fazer corridas de bicicletas assim. Mas, e como não gosto de conclusões apressadas, tenho de acrescenta­r que se correu porque os ciclistas quiseram, não porque os obrigaram. Desconheço o que move estes homens, se um espírito de superação permanente ou a simples ideia de terem mais uma história para contar aos netos, mas a verdade é que não conheço outros atletas iguais. A capacidade de sofrimento vai sempre além do que seria imaginável. E por isso, sobretudo por isso, era bom que os respeitass­em quando alguns deles vivem aqueles momentos menos agradáveis. Vocês sabem do que estou a falar.

A capacidade de sofrimento vai sempre além do que seria imaginável

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