O Jogo

“SE NÃO DÁ, TEM DE DAR DINHEIRO”

RUI JORGE REGO Advogado de 46 anos preconiza rutura com o modelo atual, que considera ultrapassa­do. Aposta forte na internacio­nalização da marca

- MÁRIO DUARTE

Aposta na formação tem de ser retomada e repensada. “Medo de tomar decisões” não pode ser repetido. Iuri e Palhinha são exemplos

Um dos aspetos a merecer retificaçã­o é a formação. Rui Rego dá o exemplo do... Benfica. “Tem tido frutos. Tem conseguido fazer negócios que nós não fazemos. A formação não é só chegar à equipa principal e sair por 40 milhões. A formação também é vender por cinco, oito, 15, seja o que for, os jogadores que não vamos aproveitar para o plantel principal. Porque não vão caber todos. Se um jogador tem 22 ou 23 anos, ainda não sabemos se serve para o Sporting ou não? Isto acontece muito no Sporting. Emprestamo­s para ver se cresce, depois volta no verão seguinte, volta a ser emprestado... Temos de tomar decisões. Temos o Palhinha, por exemplo. Tivemos o Iuri, que foi para o Arouca, Moreirense, Boavista. Ou dá ou não dá. Se não dá, tem de dar dinheiro”, remata. Diz contar com parceiros

provenient­es da China, Brasil e Angola e quer criar estrutura com provas dadas na área

e do futebol. O merchandis­ing é trunfo a explorar a fundo

Foi o último a avançar com a intenção de suceder, a partir de8 de setembro, Bruno de Carvalho na presidênci­a do Sporting. Advogado de 46 anos, Rui Jorge Rego é casado e tem três filhos e candidatas­e agora à liderança do leão, depois de ter integrado a Mesa da AG da SAD que pretende revolucion­ar entre 2011 e 2013, quando Godinho Lopes, Luís Duque e Nobre Guedes eram os administra­dores. Diz ter tido sempre uma ligação ao desporto, tendo praticado futsal, ténis, ginástica ou natação, mas é na componente empresaria­l que defende diferencia­r-se das restantes candidatur­as. Como surge a ideia de avançar agora para a presidênci­a do Sporting? —Na verdade, assim que Bruno de Carvalho foi destituído, através de alguns contactos que fomos fazendo, encontrámo­s uma série de parceiros que viabilizar­am as condições parauma candidatur­a ao Sporting. Fomos aguardando, fo- mos vendo os projetos que foram sendo apresentad­os e como não nos revíamos em nenhum deles, acabámos por decidir por optar por esta candidatur­a. Um pouco em cima do acontecime­nto, é certo, mas dentro daquilo que definimos ser o perfil para integrar esta lista, não foi um processo fácil. A ideia era ter pessoas com apetência demonstrad­a fora do Sporting, nas suas respetivas áreas, e que aceitassem este desafio. As pessoas estavam com um pouco de receio de se meterem neste tipo de aventuras, mas, à medida que nos foram ouvindo e percebendo a sustentabi­lidade do projeto que estava em causa, foram cedendo e aceitando. Pode detalhar um pouco essa lista? Quem avança consigo? —Eu preferia dizer tudo de uma vez só. A lista vai ser en- tregue e vai ser publicada no momento oportuno. Mas conseguiu reunir a equipa que pretendia? —Consegui reunir a equipa que pretendia. E quais foram os argumentos que utilizou para convencer as pessoas da sustentabi­lidade do projeto? —Com muitas horas de conversa. Houve aqui um ponto determinan­te, mesmo com algumas pessoas que acabaram por não aceitar o convite que lhes foi feito: todas elas concordara­m que a profission­alização da SAD é o caminho de futuro no Sporting. Isso foi um aspeto que foi praticamen­te unânime em todas as conversas. Há aquium problema, não só no Sporting, julgo que é transversa­l: as pessoas com 40, 50 anos têm vidas muito preenchida­s e algumas dificuldad­es em assumir compromiss­os que receiam depois não poder honrar. Ao fim e ao cabo, isto não é pago, no Sporting não há remuneraçõ­es. Isso explica que muitas vezes surjam pessoas mais novas ou mais velhas, porque ou já têm a vida resolvida ou não têm muito a perder. O que pode dizer dos parceiros de que falou? —Temosparce­irosfinanc­eiros no Brasil, em Angola e na China. O mundo mudou, é uma aldeia global. O Sporting tem de sair deste seu mercado, pequenino.Sequeremos­crescer, como um dos maiores da Europa, temos de exportar a nossa marca. As receitas de merchandis­ing, as dificuldad­es que temos hoje em dia com esta divergênci­a pela presença na Liga dos Campeões, se não arranjarmo­s mecanismos alternativ­os, vamos estar constantem­ente a ter problemas. Como é que isso se faz? Como é que se exporta a marca Sporting para o Brasil, China ou Angola? —Importando referência­s desses países. E indo a esses países, fazendo ações de campanha.Nãoésegred­o,osmaiores clubes é o que fazem. Ninguém está aqui a inventar a roda. Há aqui duas questões: temos o Brasil, e quando falamos dele teremos facilidade de acesso, por exemplo, ao mercado argentino; aqui, teremos facilidade de encontrar jogadores; por outro lado, a marca do Sporting no mercado chinês, se entrar e tiver recetivida­de, só preciso de vender uma camisola a cada cem ou a cada mil, a receita potencial é enorme. E África,Angola e os restantes países de expressão portuguesa são um

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