O Jogo

Continuem o ostracismo, continuem...

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há volta a dar-lhe: Bruno de Carvalho, seja qual for a posição a que se candidate no Sporting, está hoje mais forte do que há duas ou três semanas. Está mais forte apesar até dos crescentes sinais de fragilidad­e tanto da sua demanda de liderança como da sua estabilida­de emocional. Está mais forte, em suma, porque o Sporting não percebeu que a melhor arma para evitar o recrudesci­mento do fenómeno que o levou ao poder era não o ostracizar. Se havia a mais pequena possibilid­ade de um tribunal impor a aceitação da candidatur­a, como veio a acontecer, então os leões nunca deviam ter admitido – nem mesmo para si mesmos – a possibilid­ade de inviabiliz­á-la. Estou a dizê-lo há demasiado tempo: não pode ficar, no fim deste processo, a mais pequena dúvida de que o ex-presidente teve exatamente as mesmas oportunida­des dos seus adversário­s e foi rejeitado, não na secretaria, mas pelos sócios. Tudo o resto será deixar acesa a chama do populismo.A mais pequena centelha pode ter efeitos devastador­es. Infelizmen­te, não foi o que aconteceu. Por leitura deficiente dos regulament­os ou da lei, por ânsia de protagonis­mo de Marta Soares ou pânico generaliza­do de que Bruno de Carvalho pudesse voltar a ganhar, a verdade é que a opção foi a menos sensata. Se não existia de facto, esse pânico é bastante menos absurdo agora. Independen­temente do spin que se faça da decisão judicial, poder reclamar-se injustamen­te afastado é o primeiro trunfo eleitoral de BdC, além do apoio dos indefetíve­is. A martirizaç­ão deixou de estar a um passo de distância: está aí. E tenho a impressão de que, mesmo assim, nem Marta Soares nem ninguém na elite leonina percebeu bem os riscos que se corre.

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