O Jogo

O ambiente certo para carros elétricos

O JOGO colocou pela primeira vez um carro totalmente ecológico na Volta e os corredores, que se sentem prejudicad­os pela poluição, dizem que esse é o futuro Os carros das equipas já são renovados anualmente, mas há cada vez mais problemas de asma gerados

- CARLOS FLÓRIDO

“Faz todo o sentido, num meio em que os atletas dependem do ar que respiram, ter carros elétricos. Aliás, acredito que podem desempenha­r aqui um papel simbólico, que poderemos utilizar esses veículos para dar um exemplo”, opinou Filipe Cardoso, um dos mais famosos corredores da Rádio Popular-Boavista, depois de registar com surpresa a novidade que O JOGO introduziu na Volta a Portugal deste ano: a reportagem faz-se transporta­r num Nissan Leaf, o primeiro automóvel elétrico a cumprir uma grande corrida por etapas.

A atual geração de carros elétricos já permite, a jornalista­s, cumprir as exigências que uma corrida de ciclismo coloca – 200 a 300 quilómetro­s diários e limitações de tempo nos carregamen­tos –, mas ainda será difícil a sua utilização por equipas, que transporta­m bicicletas, muito peso em abastecime­ntos e não podem fazer paragens para recarregar baterias a meio das etapas. Será, no entanto, uma questão de (poucos) anos, pois estão a chegar baterias com autonomias superiores a 400 quilómetro­s. “O futuro é esse. Já vemos muitos elétricos e híbridos na estrada e a partir de 2020 serão vulgares. Será inevitável tê-los nas equipas de ciclismo. Todos nós andamos, desde as camadas jovens, a respirar o fumo da gasolina e do gasóleo que sai dos escapes”, anota Sérgio Paulinho, líder de uma equipa patrocinad­a por uma empresa de materiais elétricos, a Efapel.

Manuel Correia, diretor desportivo da Liberty SegurosCar­glass, foi corredor numa era bem diferente. “Íamos daqui até França nas Peugeot 404 e 405. Pedalávamo­s entre essas carrinhas, algumas a fumegar, por terem muitos anos. Agora, as equipas renovam a frota automóvel todos os anos, ou de dois em dois, mas em contrapart­ida o ar que respiramos está cada vez mais poluído. Em algumas cidades, os ciclistas notam-no bem”, diz, agradado ao ver o Leaf de O JOGO. “Sou apologista de carros elétricos”, rematou.

Mas é Sérgio Paulinho a fazer o mais importante alerta. “Em competição sentimos mais a poluição, por levarmos o corpo ao limite, por nos falhar a respiração. No ciclismo há cada vez mais problemas de asma e não são um acaso, são um derivado da poluição. Temos diferenças em relação a outras modalidade­s. Pedalando até 200 quilómetro­s e com o pulso a 170 ou 180, ficamos com problemas de saúde devido ao ambiente que temos”, diz, juntando uma conclusão às suas revelações: “Os carros elétricos serão uma solução”.

“No ciclismo há cada vez mais problemas de asma e não são um acaso, são um derivado da poluição” Sérgio Paulinho

Efapel “Os carros elétricos podem desempenha­r no ciclismo um papel simbólico, estarem nas equipas para dar um exemplo” Filipe Cardoso

RP-Boavista

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Nissan Leaf da reportagem de O JOGO é o primeiro carro elétrico a fazer uma Volta, antecipand­o um futuro... próximo

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