O Jogo

A INGENUIDAD­E TAMBÉM SE PAGA E MUITO CARO

Passividad­e na primeira parte e também da defesa nos golos do Zorya foram fatais para o Braga, que teve a eliminatór­ia na mão por duas vezes

- Textos MELO ROSA

Golaços de Novais e de Horta não foram suficiente­s para concretiza­r o sonho de discutir com o Leipzig a passagem à fase de grupos. A equipa de Abel cometeu muitos erros, sobretudo defensivos

Os quatro jogadores que, após o apito final do árbitro macedónio Aleksandar Stavrev, ficaram deitados no relvado, espelha a desilusão que invadiu os bracarense­s depois de serem surpreendi­dos por um adversário ucraniano que, apesar de ter denotado debilidade­s técnicas, soube ser eficaz. O Zorya teve mérito na forma como foi capaz de aproveitar os muitos erros defensivos do Braga e, também, uma claríssima ingenuidad­e. Porquê? É simples de explicar. Na primeira parte, a equipa de Abel Ferreira esteve muito longe daquilo que sabe e pode fazer e, depois do intervalo, faltou-lhe maturidade e inteligênc­ia tática para segurar a vantagem conseguida por duas vezes. Primeiro, por João Novais, que assinou uma obra de arte na execução de um livre, e depois por Ricardo Horta que, de forma exemplar, completou uma assistênci­a de Esgaio.

Abel Ferreira tinha revelado, na antevisão do jogo que decidiu quem vai defrontar o Leipzig, no play-off da Liga Europa, que pediria aos jogadores para saberem “conviver com momentos de adversidad­e”. A verdade é que, sublinhe-se a letras bem visíveis, em toda a primeira parte não foram capazes de encontrar soluções para superar um adversário organizado e que, desde muito cedo, queimou tempo, enervou os adeptos bracarense­s e deixou intranquil­os os onze jogadores escolhidos por Abel para tentar cumprir o sonho de continuar a lutar por um lugar na fase de grupos da Liga Europa.

Com apenas dois lances dignos de registo, o Braga mostrou falta de ideias e uma lentidão enervante na primeira parte. Depois do intervalo, mudou de atitude, carregou no acelerador, encostou os ucranianos, mas continuou pouco lúcido na construção de jogo ofensivo. Pouco depois de um calafrio, protagoniz­ado pelo brasileiro Rafael Ratão, solucionad­o por Matheus, o ex-jogador do Rio Ave, João Novais, mostrou que é um autêntico fora de série a marcar livres. O jogo aqueceu, o Zorya empatou, por Rafael Ratão que soube mesmo ser “rato” e aproveitar as debilidade­s defensivas dos bracarense­s. Três minutos apenas depois, Ricardo Horta reacendeu a esperança da equipa minhota que pretende, um dia destes, concretiza­r o desejo do presidente António Salvador – ser campeão nacional –, mas acabou por ser novamente traída por umapassivi­dadeincomp­reensível. O Zorya empatou novamente e os 13 minutos até ao ponto final do episódio de acesso ao play-off da Liga Europa foram disputados com muito coração e pouca cabeça. Com a entrada de Xadas para o lugar de Diogo Figueiras – Esgaio recuou da ala para o lado direito da defesa –, o Braga ganhou imaginação e energia para tentar recuperar a vantagem, o que acabou por não conseguir. Os aplausos dos adeptos servem de incentivo para caminhar com fé e serenidade a nível interno.

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