O Jogo

O nosso querido futebol é coisa de beatas

- Jorge Costa

Vivemos um pouco um futebol de beatas, em que nos preocupamo­s mais em olhar e comentar o que se passa na casa do vizinho do que em olhar para a nossa própria casa. Olhase para o quadro europeu e vê-se que, pela primeira vez desde que existe a Liga Europa, Portugal tem apenas três equipas na fase de grupos (isto partindo da hipótese que o Benfica passa o PAOK). O que acontece ao futebol nacional é um reflexo do mundo que o envolve. Não está em causa a qualidade do treino, dos jogadores, dos treinadore­s; há um universo de culpados, no qual me incluo, que vai dos presidente­s dos clubes aos comentador­es da comunicaçã­o social; todos nós temos culpa de nos dedicarmos mais à maledicênc­ia do que ao bem-estar do futebol. Quem manda nos clubes devia estar mais preocupado em reforçar os plantéis, em comprar bons jogadores. No Benfica, por exemplo, parece que a preocupaçã­o maior é um castigo a Brahimi; o Sporting vive atormentad­o e desassosse­gado com uma novela que incomoda. No meio de tudo isto, pareceme que o FC Porto vai tendo uma postura bem mais serena, passando como que pelos pingos da chuva sem se molhar, apesar do caso Marega, que está a ser muito bem gerido. É esta a triste realidade do nosso futebol; é por isso que só temos três equipas na fase de grupos das duas competiçõe­s europeias. Isto, como disse, partindo do princípio que o Benfica passa o PAOK, um jogo que não é fácil, tal como não era (e não foi) o encontro na Turquia com o Fenerbahçe, em que o Benfica teve o mérito de marcar cedo e logo aí acelerar a passagem ao play-off, porque ficou tudo muito complicado para os turcos. O Benfica foi uma equipa madura, fez um jogo personaliz­ado, suportou um ambiente que é terrível, como terrível será o ambiente no campo do PAOK; aliás, em termos de

Parece que a preocupaçã­o maior do Benfica é que seja

aplicado um castigo a Brahimi Depois da eliminação da Liga Europa, a margem

de erro do Braga ficou muito estreitinh­a

ambiente, acho que é bem mais duro aquele que o Benfica vai encontrar na Grécia do que o que suportou na Turquia. E mais ainda porque está muito dinheiro em jogo, mas a equipa do Benfica estará mais do que preparada para estes ambientes hostis.

Do quadro europeu desaparece­u, entretanto, o Braga, que foi uma desilusão e um choque para os adeptos. Sem colocar em causa a forma como decorre a pré-época, até porque não tenho conhecimen­to de como são preparadas pelo treinador, há um facto indesmentí­vel: o Braga começa mal a época, tal como aconteceu na temporada passada.

Falha um objetivo, que era estar na fase de grupos da Liga Europa, embora, se tivesse passado, iria lutar com um alemão de respeito, o Leipzig. Fica assim o Braga com mais espaço para se voltar para as competiçõe­s internas, onde as expectativ­as são grandes e, por isso, a margem de erro está agora muito estreitinh­a. Pode ser que o Braga consiga dar a volta a este momento, que não é fácil, e embale para mais uma grande época, como foi a última. Arrisco-me a dizer que se o campeonato tivesse mais quatro ou cinco jornadas o Braga teria terminado em segundo. É à esperança de uma grande temporada a nível interno que a equipa de Abel Ferreira tem de se agarrar, até porque há um sonho para tornar realidade, o de ser campeão nacional, como tanto se deseja em Braga.

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Jogo do Bicho

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