VAR DÁ E TIRA
“Uns dias Sérgio Conceição: da tasca” champanhe, outros tinto Silas: “Antes perder assim do que ficar 90 minutos lá atrás”
Tribunal unânime: lances dos
penáltis foram bem decididos
Portistas não venciam na casa dos azuis do Restelo desde 2014/15. O susto, contudo, foi grande, porque apanharam pela frente uma equipa que recusa jogar ao pontapé para a frente e fé em Keita
O que o VAR dá, o VAR tira. A nova ferramenta de auxílio dos árbitros de campo teve um peso decisivo num jogo que terminou com a segunda vitória do FC Porto no campeonato. Foi da Cidade do Futebol, que fica paredes meias com a casa emprestada do Belenenses, que saíram duas decisões com forte impacto no desenrolar e no desfecho de um encontro que teve emoção até ao último apito. Primeiro deu vida à equipa de Silas – que se apanhou a perder por 0-2 logo no minuto inicial da segunda parte – e que cresceu à custa da grande penalidade cobrada por Fredy (1-2), e depois retirou-a, no último suspiro dos dragões, que viram Alex Telles bater de forma imaculável o segundo penálti de televisão assinalado por Carlos Xistra. Estes são os factos. A semana, contudo, promete ser de muito falatório e até já começou ontem, através do Twitter.
O Belenenses tem-se revelado um osso duro de roer para o FC Porto sempre que se apanha perante os seus adeptos e ontem não foi a exceção. Os lisboetas têm uma ideia de jogo de equipa grande, recusando o pontapé para a frente e entregando-se à sorte de Keita, e criaram sérios problemas aos dragões. Nesse sentido, Fredy foi o maior quebracabeças e um dos principais responsáveis pela objetividade com que os donos da casa chegaram à baliza de Casillas durante os primeiros 20 minutos. Foi só a partir daqui que os portistas deram sinais de perigo – até aí não haviam rematado –, com um disparo de cabeça de André Pereira à trave como que a anunciar o golo portista. Os festejos do “mar azul e branco” que inundou o Jamor surgiram na sequência de um lance de bola parada concluído por Diogo Leite, que não dá o flanco perante a “pressão” do reforço Éder Militão (ficou na bancada).
O ascendente conquistado pelos portistas nesse momento prolongou-se para lá do intervalo, até porque Otávio ampliou a vantagem 25 segundos depois do recomeço. Quiçá instruído por Sérgio Conceição, que o deslocou para o meio e lhe sussurrou algo instantes antes de Carlos Xistra ordenar o reinício, o brasileiro aproveitou um mau atraso de Dálcio e mostrou ao Belenenses que há momentos em que é preferível um charuto para a frente a um passe para trás. A verdade é que o segundo golo não teve o efeito tranquilizante que os azuis e brancos desejavam. Pelo contrário. A equipa de Conceição deixou de ter bola, quis chegar com pressa a mais ao ataque e foiperdendoocontrolo,numa altura em que o VAR já havia aplicado a primeira sentença e dado a Fredy a hipótese de manter os azuis do Restelo na discussão do resultado.
Esperançado que Brahimi e companhia conseguissem aproveitar os espaços que o adversário ia dando para chegar ao terceiro, Conceição optou por mexer nas pontas e reforçar o meio-campo com Óliver. O que não contava é que Muriel fosse adiando até não poder mais o golo do triunfo. Ele acabou por chegar, pelo braço de Henrique e os olhos de lince João Capela (VAR), mas antes teve de sofrer. Literalmente. Fredy, sempre ele, desenhou o empate e Keita deu-lhe um carimbo oficial, fazendo pairar na cabeça dos portistas o fantasma do terceiro deslize em outras tantas visitas ao Belenenses desde 2015/16. Alex Telles afugentou-o, mas sobrou o susto. E bem grande!