O Jogo

Ambições e limites de um PAOK em cresciment­o

Obstáculos: turma helénica bateu Basileia e Spartak Moscovo nas fases anteriores

- Luís Cristóvão

OPAOK foi campeão grego em apenas duas ocasiões, a última delas em 1985. Desde 2012, no entanto, assiste-se à evolução de um projeto bastante ambicioso, que visa bater o domínio dos três grandes de Atenas – AEK, Panathinai­kos e Olympiakos – que repartiram entre si os últimos trinta títulos de campeão na Grécia.

Duas vezes vice-campeão grego nas últimas temporadas, o PAOK sente cada vez mais perto o cumprir do seu objetivo principal. Mas, para a equipa de Salónica, a caminhada não se encerra no campeonato, olhando a presença na Liga dos Campeões como uma meta a cumprir num futuro muito próximo. Depois de eliminar Basileia e Spartak Moscovo, repete a presença no play-off, no qual esteve em 2013/14, tendo acabado eliminado pelo Schalke 04.

A chegada do técnico romeno Razvan Lucescu, no início da passada temporada, ajudou a apurar um estilo de jogo que serve como senha de identidade para alcançar esse objetivo. A capacidade financeira para intervir no mercado é, ainda, curta, com a aquisição de Léo Jabá ao Akhmat Grozny, da Rússia, a figurar como o maior investimen­to, mas um bom trabalho de pesquisa tem permitido boas aquisições a custo zero nas recentes temporadas. Khacheridi, Wernbloom, Maurício, Léo Matos, José Crespo e Cañas chegaram todos dessa forma ao clube.

Em termos ofensivos, o PAOK apresenta-se como uma equipa que está confortáve­l com bola, construind­o a partir de trás com a linha de quatro defesas dispersa pela largura do terreno e a dupla de médios mais recuados em dinâmica de criação de espaços. A paciência é uma nota da equipa de Lucescu, recorrendo, em determinad­as ocasiões, a passes mais longos, ora procurando o apoio do avançado Prijovic, ora apostando em bolas aéreas para tentar criar perigo a partir das segundas bolas.

Pelkas, o camisola 10, é um elemento fundamenta­l na manobra ofensiva da equipa. Apresenta sempre muita qualidade com a bola nos pés, sendo um elemento muito presente nos momentos de transição ofensiva, com a sua capacidade de distribuiç­ão a partir do corredor central. Partindo dos seus pés, a bola sabe sempre quem encontrar nos elementos que impõem velocidade a partir das faixas. A forma como os extremos procuram espaços centrais, sobretudo Limnios, acaba por ser outra das chaves ofensivas da equipa, tendo em conta a qualidade do jovem grego com bola, mas também pela forma como abre espaço para a subida dos laterais, sobretudo Léo Matos, forte no 1x1. Fica o recado para Grimaldo.

A dupla constituíd­a pelos médios Maurício e José Cañas acaba por estar ligada à qualidade do jogo do PAOK, pela sua capacidade de atuar em posse, mas também à principal fragilidad­e da equipa. A pouca destreza tática para travar o adversário no momento da transição defensiva cria problemas às linhas mais recuadas, num espaço que, por vezes, fica assinalado pela quebra da continuida­de da equipa de Salónica. É possível encontrar muito espaço entre as linhas da equipa grega e, na eliminatór­ia anterior, o Spartak Moscovo acabou por aproveitar para marcar dois golos em situações em que esta dupla acaba por ter de assumir culpas.

Vai ser possível ver o PAOK optar por exercer alguma pressão no meio-campo adversário, ainda que isso não seja muito previsível neste encontro da primeira mão, pela forma como expõe as suas linhas defensivas. Organizand­o-se, no momento defensivo, em 4-4-2, há uma tendência para os extremos perseguire­m o adversário com bola. Os dois centrais são fortes pelo ar, mas revelam mais dificuldad­es quando os rivais chegam com bola controlada ao último terço do PAOK, voltando aqui a sentirse os problemas nas coberturas entre meio-campo e linha defensiva.

Com Paschalaki­s a ser um guarda-redes forte nas saídas e com qualidade para outros voos, o PAOK chega ao Estádio da Luz esperanços­o de levar um resultado que lhe permita, em casa, onde claramente é mais forte e, sobretudo, disfarça melhor as suas lacunas, garantir presença na fase de grupos da Liga dos Campeões. No entanto, a capacidade que o Benfica já demonstrou ter na presente temporada coloca-o como o claro favorito à conquista desta eliminatór­ia.

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Gregos somaram três vitórias e um empate nos desafios disputados até ao momento
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