Peseiro a colar os cacos
A proxima-se um dérbi de Lisboa e, surpresa!, há tanta expectativa de um lado como do outro. Do Benfica, sabese o anunciado pelo presidente – reforçou-se para recuperar a hegemonia do futebol português – e tem-se visto uma equipa competitiva e bem montada, a responder aos desafios, nesta altura em número elevado, dada a catadupa de jogos a fazer em pouco tempo. Nada de extraordinário, a calendarização existia há tempo suficiente para haver um plano aplicado ao momento. Novidades a sério só em Alvalade. Do caos tem emergido uma equipa até agora capaz de lidar com as dificuldades. E são muitas. Mais forte neste ou naquele momento, titubeante aqui e ali, mas caminhando. Se fizer uma boa época, este Sporting terá de ser esmiuçado, estudado ao pormenor. A época passada terminou de uma forma inimaginável, ultrapassou os limites do surrealismo e só alguém muito otimista admitiria ser possível consertar tamanha avaria em menos de dois ou três anos. A única vantagem de montar uma equipa e ter de cicatrizar as feridas, algumas delas profundas, lidar com saídas traumáticas e também com reentradas desconfiadas e apoiadas em promessas oficiosas, esperar que o plantel vá sendo composto com a época em andamento, é a ausência de responsabilidade. Para sobreviver ao caos, Sousa Cintra escolheu José Peseiro, um treinador também ele com a carreira feita em cacos. De tão aparentemente desajustada, a escolha revelou-se excelente. Os sportinguistas pedem tudo mas sabem não estar em condições de exigir nada. E os primeiros resultados foram preciosos. É que nem o calendário ajudou. Começar fora com o plantel possível e ir à Luz à terceira jornada poderia ser um castigo demasiado duro para quem ainda está com os nervos em franja. Peseiro agarrou no grupo, para já resistiu às provações do campo, aos recentes números de circo com protagonista que mexe com a equipa, e continua à espera de reforços. Na Luz? A responsabilidade está do outro lado.