Marcelo dá nota 20 a Évora
Presidente esteve na comemoração dos dez anos do ouro olímpico
Dos relâmpagos de Pequim à falta de telemóvel em Berlim – as vitórias e os títulos no triplo salto foram revisitados na pista das Açoteias, com a mais alta figura do Estado a falar no “melhor dos melhores”
Marcelo Rebelo de Sousa considera Nelson Évora “um exemplo de excelência”. “É o melhordosmelhoresetemsido o melhor dos muito bons. Em notas de 0 a 20, teria sistematicamente 20. E não tirou 20 uma só vez, tirou sempre, porque ganhou muito e tudo o que havia para ganhar”, disse o Presidente da República, durante a cerimónia comemorativa dos dez anos da medalha de ouro olímpica de Nelson Évora, que teve vários pontos altos, logo a começar com o encontro do campeão, que já estava na pista, com Marcelo. “Muitos parabéns”, disse-lhe o PR. “Mas é impossível não atender o telemóvel”, acrescentou, de imediato, aludindo à chamada que ele próprio lhe fez, no passado dia 12, após Évora ter ganho o ouro no Europeu de Berlim, com 17,10 metros. “No estádio, no meio daquela azáfama, entregamos os nossos pertences e só mais tarde tive de novo o telemóvel”, justificou o campeão. “Ao vivo, parece ainda mais novo”, respondeu Marcelo, que quis saber pormenores do dia 21 de agosto de 2008, quando o saltador arrebatou o ouro no triplo salto dos Jogos Olímpicos de Pequim, com 17,67 metros.
“Acordei com relâmpagos. Chovia, e eu não gosto de saltar à chuva, era até uma fobia, se calhar porque já vira muitos colegas lesionarem-se nestas condições. A chuva não parou, mas consegui dar a volta à questão”, conta Nelson Évora. “Andei 20 minutos à chuva, depois mudei de roupa e pronto. Foi esta a maneira de combater esse medo”, recorda o atleta, de 34 anos, que recebeu o PR na pista do centro desportivo do Vitória Sports, nas Açoteias, onde efetuou alguns saltos, a título de demonstração, antes de revelar que vai ao meeting de encerramento da Liga Diamante, dia 31, em Bruxelas (Bélgica), e à Taça Continental, “em representação da Europa”, nos dias 8 e 9 de setembro, na República Checa. Só depois é que virá o descanso.
“Se me perguntassem há dez anos se pensava conquistar estes títulos todos, diria que não. Mas lutei por todos eles, mesmo após muitas quedas, o que prova que o povo português é forte, e, quando cai, levanta-se logo a seguir”, enfatizou Nelson Évora, referindo-se às graves lesões que sofreu em 2012 e 2014.
Depois de agradecer ao seu treinador – o cubano Ivan Pedroso –e de confessar que chegava a esperar pelas cinco da manhã para o ver saltar, o atleta do Sporting entregou a Marcelo Rebelo de Sousa umas sapatilhas e uma camisola dos Jogos de Pequim, autografada. “Isto vai mudar a minha vida”, brincou o PR, que, porém, não ficou sem resposta. “O mais difícil foi descobrir o número que calça”, sustentou Évora.
“Não me lembro muitas vezes de que tenho 34 anos… O adeus? Nem penso nisso, quero bater mais recordes”
Nelson Évora
Atleta do Sporting