O Jogo

“Nunca chocarei com a Federação”

Leão antecipou a O JOGO a participaç­ão no Mundial. Estará apenas no K4 500, não fazendo a dupla habitual com João Ribeiro em K2

- CATARINA DOMINGOS

A interrupçã­o do barco que, em Londres’2012, alcançou a prata olímpica não deixa de causar um “amargo” ao veterano, que, ainda assim, assegura que irá sempre respeitar as decisões federativa­s

Aos 32 anos, Emanuel Silva procura chegar à quinta presença olímpica da carreira, num ciclo em que decidiu treinar sozinho e teve de se adaptar a uma nova distância – a Federação Internacio­nal encurtou o K4 dos 1000 para os 500 metros nos próximos Jogos. Nada que trave a ambição do minhoto, que adotou o lema de “novos desafios para novas conquistas”. Que perspetiva­s tem para o K4 masculino neste Mundial? —A perspetiva é a mais realista possível e passa por conseguir a presença na final. É o melhor que podemos ambicionar; no ano passado ficámos em 16.º no Campeonato do Mundo. Se fosse uma tripulação que já estivesse na discussão de medalhas, aí falaríamos de maneira diferente. Mas no patamar em que estamos, vamos tentar entrar na final e aí conseguir o melhor resultado. A adaptação dos 1000 metros para os 500 está feita? —É uma adaptação prolongada, não é fácil. Ao longo de toda a minha carreira desportiva, sempre treinei mais para 1000 metros. O João [Ribeiro] e o David Varela também... É um processo demorado, mas estamos a fazer tudo por tudo para essa adaptação. Como lida com este trabalho de paciência, sendo um atleta tão ambicioso? —Tenho de dar tempo ao tempo, nunca atiro atoalha ao chão e não penso no impossível. Simplesmen­te tenho de pensar que é um processo demorado e que sou capaz. Se pensasse de maneira diferente, estaria a duvidar das minhas capacidade­s e isso não é compatível com um atleta de alta competição. Tenho de estar consciente de que é uma tarefa difícil e demorada. Não posso duvidar de mim e das pessoas que trabalham comigo e que querem fazer de mim um atleta com um currículo ainda maior. Neste Mundial não alinha nos K2 1000 metros. Sabelhe a pouco estar só no K4? —Era um atleta que estava habituado a fazer duas tripulaçõe­s, mas achei por bem apostarmos só numa distância. As duas eram incompatív­eis, devido ao tempo de recuperaçã­o, mas claro que fica sempre aquele amargo, porque já foi um barco medalhado em Jogos Olímpicos... Temos de ver qual é a mais-valia para o momento. E, neste momento, é o K4. Não vale a pena estar a pensar mais no K2 1000. Não quer dizer que não se possa voltar a fazer no futuro, não está fechado. Sinto-me confortáve­l a remar nessa distância, gosto de representa­r o país e de competir.

Portanto, é uma aposta que

“Tenho de fazer o que a Federação decide. Se decidir que tenho de fazer o K2 1000 ou o K4 500 ou outro, lá estarei para lutar. Limitome aos objetivos da Federação. Nunca entrarei em choque” Emanuel Silva

pode ser retomada mais tarde? —Tenho de fazer o que a Federação decide. Se decidir que tenho de fazer o K2 1000 ou o K4 500 ou outra especialid­ade, lá estarei para lutar da melhor forma. Limito-me a fazer o que são os objetivos da Federação, sempre o fiz e sempre o farei. Nunca entrarei em choque com a Federação. Eles é que definem a estratégia.

Está a treinar sozinho? —Neste momento, estou na Seleção, temos o técnico nacional [n.d.r.: Rui Fernandes]. Fora isso, faço o meu próprio planeament­o. Está satisfeito com essa opção? — Completame­nte satisfeito, porque é mais um desafio. Posso aplicar algumas técnicas em mim, que um dia mais tarde poderei aplicar num grupo de trabalho, se quiser vir a ser treinador. Com 32 anos, ainda pensa em muitos mais mundiais? —Têm de estar reunidas todas as condições à minha volta para que consiga estar ao mesmo nível de agora. Se alguma coisa falhar, poderá ser ponderada a retirada. Mas, neste momento, isso não está nos planos, vou dar continuida­de a dois objetivos que sempre sonhei: ser campeão olímpico e ser o atleta da modalidade com mais presenças olímpicas.

Sporting

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