“Só posso pensar em vencer”
Gabriel agradece esforço encarnado em 40 dias de negociações
Administradores foram ouvidos ontem de manhã no DIAP de Lisboa. Águias anunciaram que vão impugnar a medida, defendendo também o afastamento do magistrado que conduz o inquérito
A SAD do Benfica foi ontem constituída arguida no processo e-Toupeira, caso que contava anteriormente com sete implicados pela justiça, entre eles Paulo Gonçalves, assessor jurídico da sociedade encarnada, também ele arguido já desde março, por suspeita de crimes de violação de justiça, assim como de corrupção ativa e passiva.
Confirmando, em comunicado publicado no seu sítio, o procedimento legal levado a cabo pelo Ministério Público – a Procuradoria Geral da República deu informação do mesmo, sem porém revelar as suspeitas que recaem sobre as águias –, aSA D encarnada contesta, porém, a decisão, que classifica de “ilegal e inconstitucional”, falando também num “desastre processual, pois do nada não se consegue extrair senão nada”.
A SAD do Benfica, representada pelos seus administradores, foi ontem ouvida pela manhã no Departamento de Investigação e Ação Penal de Lisboa (DIAP), sendo notificada, em audiência, da decisão do juiz no âmbito de um inquérito sobre violação do segredo de justiça. Já após a divulgação da notícia, a sociedade anónima da Luz reagiu duramente, num longo texto, considerando que “inexiste qualquer fac- to, circunstância ou prova que estabeleça um qualquer contacto” entre os arguidos do processo e-Toupeira, referindo mesmo que tal relação não é provada também no caso de Paulo Gonçalves, e o Conselho de Administração da SAD benfiquista. “Nenhum membro do Conselho de Administração da SAD sabe o que Paulo Gonçalves sabe ou não sabe, reiterando da nossa parte a absoluta confiança na sua conduta”, garantem as águias, em comunicado.
Falando em “ausência absoluta de factos”, o Benfica frisa que “o móbil” na origem da constituição da SAD como arguida é “desfocado da realidade” mas também “afronta a Constituição, a Lei e os deveres funcionais do Procurador”. Por tudo isto, aSA D encarnadadecidiu avançar coma“i me diata impugnação da constituição como arguida”, defendendo ainda que o magistrado que conduz o processo “deve ser recusado e, por consequência, ser afastado” do mesmo.
Após longos meses de investigação, as autoridades detiveram no último mês de março Paulo Gonçalves, suspeito de, a troco de contrapartidas (como bilhetes para jogos do Benfica e camisolas), levar diversos funcionários judiciais a aceder a vários processos em segredo de justiça envolvendo não só o próprio Benfica como também os rivais FC Porto e Sporting. Constituído arguido, o assessor jurídico da SAD manteve-se, contudo, em funções na Luz, tendo visto diversos responsáveis do clube, como Luís Filipe Vieira, manifestaram a crença na sua inocência.