O Jogo

NOVA MÁXIMA Ao contrário de Winston Churchill

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ma pessoa lê o deplorável desmentido de Rui Patrício a propósito das deplorávei­s palavras de um candidato à presidênci­a do Sporting sobre o deplorável comportame­nto de outro aquando do deplorável ataque a Alcochete – e não lhe ocorre mais do que deplorar as eleições. Uma das razões por que o Sporting parece, neste momento, melhor do que há um mês tem a ver com o escudo que o processo eleitoral vem proporcion­ando a quem está a trabalhar. Mas outra, inevitavel­mente, resulta da própria qualidade do debate em curso. E da própria qualidade dos candidatos. E da própria capacidade de mobilizaçã­o de tudo isto. Já aqui lamentei que, no momento mais difícil da sua história, os leões não consigam produzir melhores candidatos do que estes, nem sequer um consenso entre, pelo menos, alguns deles. Com o passar dos dias, lamento até que os dias passem. Ainda este fim de semana, o Sporting visitou a Luz e por todo o país adeptos passearam-se nas ruas, o dia inteiro, de camisolas verde-e-brancas vestidas. Suponho que um sportingui­sta se sinta mais aliviado agora que a sua equipa deixou de ter obrigação de vencer. Mas a entrega dos jogadores também foi máxima. O ambiente entre dirigentes e treinadore­s foi de lisura. Até o jogo foi bom. Que haverá depois disto? Quanto deste entusiasmo está guardado para depois das eleições? Que espécie de força renovadora poderá ter um ato eleitoral antes do qual, apesar de tudo, há mais alegria do que aquela que se pode esperar para depois? Lembramo-nos sempre de Churchill dizer que a democracia é o pior sistema à exceção de todos os outros. Talvez tenha chegado a altura de acrescenta­r que a sua frase também é a pior frase sobre a democracia à exceção de todas as outras. Poder dizê-lo a pretexto do Sporting é o supremo sinal do quão fundo o clube bateu. E ainda bate.

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