HAVIA BRINDES A ENFEITAR O SACO DOS MILHÕES
SUPERIORIDADE Sabia-se que o Benfica é mais forte e provou-o em Salónica. Estranho só mesmo o resultado da primeira mão e o nervosismo inicial de ontem
Quatro golos marcados fora depois de conceder um empate em casa soarão estranhos a quem analisar os números daqui por uns anos. Para quem viu os dois jogos, faltaram golos ao Benfica no primeiro
O assalto ao saco do dinheiro acabou por ser tão fácil como se antevia antes do jogo da primeira mão, mas o resultado de Lisboa criara dúvidas existenciais e ontem o Benfica teve necessidade de arrepiar caminho. Demorou um bocadito a perceber que na pasta dos milhões havia outros brindes, como dois penáltis tão justos quanto disparatados, mas ganhou com naturalidade. Os números não deixam margem para dúvidas e viu-se durante um largo período de tempo uma equipa adulta, capaz de controlar os movimentos do adversário e administrar uma vantagem confortável após um começo estranho.
Podendo contar com Salvio, o que significa ter a estrutura intacta, Rui Vitória surpreendeu na escolha do ponta de lança. Seferovic passou de dispensável a titular na Champions e pode afirmar-se que a presença do suíço fez sentido, porque acrescentou músculo e capacidade de choque. Nada que tenha impressionado o PAOK nos minutos iniciais.
Os gregos entraram a todo o gás e, ante um Benfica dema- siado nervoso, à beirinha do descontrolo, marcaram aos 13’ um golo... esperado, porque se tratou da terceira oportunidade contabilizada. O PAOK pressionava, procurava as alas, alternava o jogo apoiado com o um contra um e o Benfica desesperava sem defender bem nem ligar jogadas.
O golo sofrido tornou a questão ainda mais sombria para aquele Benfica nervoso e hesitante, mas por pouco tempo. Uma cabeçada de Jardel, na sequência de um canto, repôs o empate e acordou/estabilizou a equipa. A partir daí, ficou claro quem era o melhor, não houve mais dúvidas para quem jogava (sobre o que havia a fazer) nem para quem assistia (acerca do que aconteceria a seguir). O erro do guarda-redes Paschalakis, que o levou o cometer penálti sobre Cervi e originar o 1-2 (golo de Salvio), foi apenas o apressar da resolução.
A jogar de forma tranquila, com o adversário dominado em todas as zonas do terreno, pressionando bem, ligando as jogadas, imprimindo velocidade, o Benfica acabou com as dúvidas ao construir o 1-3 com uma jogada magistral, desde o momento em que Grimaldo pôs Cervi a correr, Seferovic arrastou os defesas e Cervi cruzou para o pé de Pizzi, com tempo para parar a bola e escolher para onde chutar. Uma preciosidade que remetia para o jogo da Luz e para as muitas oportunidades criadas, mas não concretizadas.
Ir para o intervalo com a eliminatória resolvida foi o que melhor podia ter acontecido ao onze de Vitória, que não sonharia com mais um brinde a abrir o segundo tempo. Outro penálti, agora a punir agarrão a Jardel. Salvio voltou a bater certeiro e fechou a goleada.
Restava ao Benfica cumprir o resto do tempo sem correr riscos. E aconteceu. Geriu o tempo e o espaço, foi ameaçando com contra-ataques aqui e ali, e, o mais importante, não permitiu lances que pudessem relançar o PAOK, que acabou com dez e muita vontade, mas vergado à superioridade dos benfiquistas.