Inês e Nelson levaram “lição” a Belém
Nelson Évora passou a deter, tal como Eusébio e Rosa Mota, duas das mais altas distinções nacionais, acima de Ronaldo e Carlos Lopes
Saltador que já ganhou tudo é agora um dos atletas portugueses mais condecorados de sempre, enquanto a marchadora integrou a lista onde já estavam praticamente todas as campeãs mundiais
Nelson Évora foi ontem agraciado com a Grã-Cruz da Ordem do Mérito pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, com a distinção a somar-se à Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique, o que faz do atual campeão europeu de triplo salto um dos atletas mais condecorados do nosso país, em paralelo com Eusébio e Rosa Mota, mas acima dos restantes campeões olímpicos, Carlos Lopes e Fernanda Ribeiro, e também de Cristiano Ronaldo. Ao mesmo tempo, o Presidente concedeu a Inês Henriques o título de Grande Oficial da Ordem do Mérito, colocando a marchadora na lista de praticamente todos os portugueses campeões mundiais e europeus.
“Nelson Évora e Inês Henriques têm em comum talento, determinação, capacidade de luta, resistência física e psíquica, mais espírito de reinvenção ilimitados. Para eles, não há fronteiras inultrapassáveis, nem desafios invencíveis”, realçou o Presidente da República, lembrando: “Estas são qualidades que devem ser uma lição para todos nós, que precisamos de mais amor-próprio, autoestima, ambição, consistência e humildade.”
Évora, que em 2017 recusara a distinção, depois de ter conquistado o título europeu em pista coberta e o bronze no Mundial ao ar livre, aceitou-a depois de ter recebido Marcelo Rebelo de Sousa no treino que assinalou uma década desde o seu ouro olímpico, no passado dia 21. “Depois de tudo o que passei, sentia que não era o momento ideal. Não tive uns dias fáceis. Achei que teria de continuar a trabalhar para sentir que fosse o momento certo”, comentou o atleta do Sporting, que esta época aumentou o seu palmarés com o bronze no Mundial de pista coberta e o título no Europeu ao ar livre. Aos 34 anos, e depois de ter recuperado de lesões graves, Évora sustenta que “há sempre algo mais para conquistar”: “Continuo supermotivado, como se estivesse no primeiro dia da minha carreira; quero continuar a fazer história, a dignificar os portugueses por esse mundo fora e a saltar muito longe.”
Quanto a Inês Henriques, de 38 anos, poderá dizer-se que “reinventou” a sua carreira desde que os 50 km marcha foram alargados a mulheres. Vocacionada para as distâncias mais longas, é detentora do recorde mundial e venceu tanto o Mundial do ano passado como o Europeu desta época. “Este reconhecimento é muito especial, por- que os 50 km marcha foram a oportunidade que eu e o meu treinador agarrámos para fazer algo de diferente e histórico. Conseguimos mudar mentalidades e mostrar que nós, mulheres, podemos fazer a prova com qualidade”, destacou a marchadora do CN Rio Maior.
No Palácio de Belém, onde estiveram ainda o Ministro da Educação, Tiago Brandão Rodrigues, o presidente da Federação Portuguesa de Atletismo, Jorge Vieira, a presidente da Câmara Municipal de Rio Maior, Isaura Morais, e o presidente da Comissão de Gestão do Sporting, Torres Pereira, Marcelo Rebelo de Sousa subiu para 361 as condecorações entregues em quase dois anos e meio de mandato, sendo 80 delas respeitantes ao desporto, que tem vivido dias de glória: antes de Évora e Henriques, já as Seleções Nacionais de futebol, sénior e sub-19, de futsal e de hóquei em patins haviam justificado as distinções, além de atletas como Fernando Pimenta, Telma Monteiro e vários outros.