O Jogo

XEQUE A QUATRO MAGISTRADO­S

Juízes Baltazar Pinto, Gabriel Catarino e José Carvalho e procurador João Palma podem ter de deixar os órgãos sociais do clube

- BRUNO FERNANDES RUI MIGUEL GOMES

Novo estatuto do Ministério Público aprovado pelo Governo limita participaç­ão de magistrado­s em órgãos sociais de clubes. Tal depende de uma autorizaçã­o do Conselho Superior do Ministério Público

São quatro os magistrado­s – os juízes Joaquim Baltazar Pinto (presidente do Conselho Fiscal e Disciplina­r), Gabriel Catarino (membro suplente do Conselho Fiscal e Disciplina­r), José Tomé Carvalho (secretário da Mesa da Assembleia Geral) e o procurador­da República João Palma (vice-presidente da Mesa da Assembleia Geral) – que figuram nos órgãos sociais do Sporting e que têm o seu estatuto no clube em causa devido ao novo estatuto do Ministério Público, aprovado em Conselho de Ministros no passado dia 23 de agosto. Na proposta aprovada e que segue para a Assembleia da República, no artigo 107.º são definidas as incompatib­ilidades dos magistrado­s no que diz respeito ao exercício de funções em “quaisquer órgãos estatutári­os de entidades envolvidas em competiçõe­s desportiva­s profission­ais”, como refere a alínea b) do ponto 6, impondo para o desempenho das mesmas autorizaçã­o do Conselho Superior do Ministério Público.

Perante o proposto pelo Governo e em caso de aprovação do mesmo na Assembleia da República, os quatro elementos dos órgãos sociais terão de solicitar autorizaçã­o para se manterem em funções, sabendo de antemão que a mesma, como configura o número 7 do referido artigo ,“sóécon cedidas e o exercício das funçõesnão forr enumerado e não envolver prejuízo para o serviço ou para a independên­cia, dignidade e prestígio da função de magistrado do Ministério Público”. Ora, este último pressupost­o é determinan­te, pois é conhecida a vontade do Conselho Superior da Magistratu­ra de limitar/controlar a participaç­ão de juízes em órgãos estatutári­os dos clubes que participem em competiçõe­s profission­ais. Aliás, em 2005 já o referido conselho recomendou que os juízes não participas­sem em cargos “estranhos às funções jurisdicio­nais”, tendo mesmo sido criado um grupo de trabalho para debater e escalpeliz­ar a questão, sem, porém, ter trazido efeitos práticos. Diga-se que Belo Morgado, vice-presidente do Conselho Superior da Magistratu­ra, afirmou ontem que “tendo em conta a sensibilid­ade da questão e dada a necessidad­e de preservar a dignidade da função judicial, é altura de o conselho reapreciar a questão e refletir sobre a conveniênc­ia de condiciona­r a participaç­ão de juízes nos órgãos estatutári­os de entidades envolvidas em competiçõe­s desportiva­s de cariz profission­al à prévia autorizaçã­o do Conselho Superior da Magistratu­ra”.

Certo é que Frederico Varandas acabou por ser ultrapassa­do pelos acontecime­ntos, uma vez que a apresentaç­ão à Imprensa da sua lista foi efetuada no dia 17 de julho, na qual constavam os quatro magistrado­s, tal como figuravam, naturalmen­te, no dia 31 do mesmo mês, no momento em que a sua lista candidata aos órgãos sociais foi entregue a Jaime Marta Soares, antecessor de Rogério Alves como presidente da Mesa da Assembleia Geral do clube. A proposta saiu do Conselho de Ministros do passado dia 23 de agosto, em plena campanha eleitoral leonina. Agora, caso o novo estatuto do Ministério Público entre em vigor, os quatro magistrado­s que figuram nos órgãos sociais dos leões podem ter de abdicar dos cargos para os quais foram eleitos, com 42,32% dos votos, no sufrágio do passado dia 8. Recorde-se que as declaraçõe­s de Frederico Varandas à CMTV, em plena campanha eleitoral, sobre os quatro elementos criaram alguma celeuma. “Tenho na minha lista dois juízes conselheir­os do Supremo, um procurador da República, um juiz-desembarga­dor. Acha que estas pessoas abdicam dos seus valores, que não vão exigir o máximo de rigor e braço de ferro na justiça pelo Sporting?”, questionou.

“Acha que estas pessoas (...) não vão exigir o máximo de rigor e braço de ferro na justiça pelo Sporting?” Frederico Varandas Presidente do Sporting à CMTV, a 4 de setembro

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